Ciência

Cientistas estudam tratamento sem injeção para diabetes a partir de células-tronco

Dia Mundial de Combate à Diabetes: estudo canadense com células-tronco começa a viabilizar um tratamento sem injeções para pessoas diabéticas. Saiba detalhes
Imagem: Sweet Life/ Unsplash/ Reprodução

Um novo método desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, aprimorou o processo de criação de células produtoras de insulina a partir de células-tronco. Segundo o estudo, agora é possível produzir as células desejadas a uma taxa de 90%. 

Antes, o método utilizado gerava apenas 60% das células-alvo. De modo geral, a ideia é que isso se torne um tratamento sem injeções para pessoas diabéticas.

Aquelas com com diabetes tipo 1 não possuem células funcionais das ilhotas do pâncreas para produzir insulina. Por isso, devem tomá-la constantemente por meio de injeções ou de uma bomba contínua.

Apenas assim conseguem manter o funcionamento adequado do organismo, controlando a quantidade de açúcar no sangue e convertendo glicose em energia para as células.

“O que estamos tentando fazer aqui é olhar além do horizonte e tentar imaginar como será o cuidado com o diabetes daqui a 15, 20, 30 anos”, afirmou James Shapiro, autor do estudo.

“Eu não acredito que as pessoas estarão mais injetando insulina, usando bombas e sensores”, completou. Os resultados do estudo foram publicados em artigo na revista Cell.

Diversos cientistas estão na busca pela compreensão e viabilização de tratamentos para diabetes tipo 1 que utilizam células-tronco

Recentemente, três pessoas alcançaram a independência da insulina injetável após receberem um transplante de células produtoras do hormônio, geradas a partir de células-tronco.

Entenda a nova pesquisa

Primeiramente, os cientistas coletaram células-tronco do sangue de um paciente com diabetes. Em seguida, eles utilizam processos químicos que direcionam o desenvolvimento delas para que se tornem células produtoras de insulina, como as do pâncreas. A este mecanismo, eles chamam de “diferenciação direcionada”.

Depois, os pesquisadores trataram essas células com um medicamento anti-tumoral conhecido como inibidor AKT/P70 AT7867. Isso resultou em uma eficiência maior na “diferenciação direcionada”.

Além disso, as células resultantes do processo eram menos propensas a produzir cistos indesejados, que podem prejudicar a produção do hormônio. 

Por fim, quando foram transplantadas em ratos de laboratório, as células também controlaram a glicose no sangue sem necessidade de injeções de insulina durante um tempo. 

Agora, a equipe de pesquisadores espera eliminar as últimas barreiras do processo, fazendo com que o método alcance 100% de conversão em células pancreáticas funcionais. 

O avanço na ciência

Mais estudos de segurança e eficácia precisarão ser realizados antes que ensaios clínicos, nos quais o transplante dessas células será feito em humanos. 

Contudo, os pesquisadores envolvidos acreditam que utilizar o próprio sangue do paciente para cultivar células que produzem insulina é um avanço na viabilidade do tratamento. Isso porque, da maneira como é feito hoje, as pessoas que recebem essas células doadas devem tomar medicamentos anti-rejeição durante toda a vida.

Fazendo esse processo do próprio sangue do paciente, talvez isso não seja necessário, eles acreditam.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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