Tudo começou quando pesquisadores da Universidade Minami Kyushu, no Japão, resolveram guardar lagartas do tabaco (Manduca sexta) pensando em alimentar outros insetos que criavam nos laboratórios da faculdade.
Dias depois, as lagartas já haviam crescido, tornando-se mariposas. Surpreendentemente, todas eram fêmeas, o que intrigou os cientistas.
Foi apenas depois de alguns testes que eles descobriram um vírus que se reproduz nas lagartas e que mata sistematicamente descendentes machos. A descoberta foi publicada na revista Proceedings of the National Academies of Sciences.
Entenda a pesquisa
Em laboratório, os pesquisadores cruzaram as fêmeas que encontraram com outras lagartas do tabaco que eram machos. De modo geral, eles viram a cena se repetir ao longo de 13 gerações: os insetos tinham filhas, suas filhas tinham outras filhas e por aí vai.
Durante o experimento, apenas três descendentes das mariposas eram machos. Então, os cientistas partiram para a análise genética, que revelou sinais de um vírus. Chamado de SlMKV, o micro-organismo infecta as lagartas e é hereditário, ou seja, passado de mãe para filha.
De modo geral, estudos anteriores já haviam revelado que micróbios podem pegar carona com seus hospedeiros para se reproduzir. Como isso acontece ainda é um mistério, mas os cientistas sabem que o vírus pode se fixar no citoplasma das células dos insetos.
Para os micro-organismos, não é vantajoso que as novas lagartas sejam machos, já que eles não podem ajudar a propagar o micróbio. Então, o SlMKV simplesmente elimina essa possibilidade.
Contudo, outras experiências dos cientistas japoneses revelaram que o potencial do vírus de matar filhos machos é vulnerável ao calor. Em temperaturas mais altas, o efeito de sua ação foi reduzido.
Agora, especialistas acreditam que a descoberta pode auxiliar no controle de pragas agrícolas, como é o caso da lagarta do tabaco.