Nepo babies da vida marinha: mães orcas sustentam filhos machos adultos

Mães continuam dedicam sua vida às crias mesmo após seu amadurecimento - inclusive caçando o alimento para a prole
Mães orcas continuam sustentando seus filhos adultos
Imagem: Mike Doherty/Unsplash/Reprodução

No mundo dos primatas, incluindo os humanos, é comum que as mães continuem cuidando de seus filhos mesmo após o período de amamentação. Tal comportamento parece apresentar  benefícios como o aumento da sobrevida materna e também de irmãos mais novos. 

Mas parece que esses não são os únicos animais que cuidam de suas proles já crescidas. Um estudo divulgado na revista Current Biology sugere que as orcas, também conhecidas como baleias assassinas (apesar de serem golfinhos), também sustentam seus filhos machos até a vida adulta. Isso é que podemos chamar de nepo babies da vida marinha.

A pesquisa feita por pesquisadores do Center for Whale Research, nos EUA, é baseada em quatro décadas de registros feitos no noroeste do Oceano Pacífico. Os cientistas observaram, por exemplo, que as mães orcas caçam salmão e dividem o peixe com seus filhos machos.

A orca K16 e seu filho K35, citados nesta reportagem da NPR, são exemplo desse comportamento. A mãe deu a luz duas décadas atrás e, desde então, nunca se desgrudou de sua prole. O macho é realmente grande, o que justifica a necessidade de comida – e sua progenitora faz questão de cuidar disso. 

K16 se iguala a outras orcas analisadas no estudo por um motivo: depois de ter K35, ela nunca mais teve filhotes. É comum que os cetáceos tenham outras filhas umas depois das outras, mas basta um macho para acabar com a história. 

Segundo os pesquisadores, o nascimento de um filho macho reduz as chances anuais de reprodução das orcas em 70%. Os filhos também não se tornam tão independentes assim. Na verdade, quando uma mãe morre, é comum que a prole faleça dentro de um ano ou dois. A falta de comida parece ser a principal causa dos óbitos.

Há vantagens nessa criação das orcas?

Não há vantagens comprovadas para tal comportamento, mas Michael Weiss, um dos autores do estudo, tem uma sugestão. De acordo com o cientista, os cetáceos estão criando filhos fortes e saudáveis, que podem se reproduzir e gerar muitos descendentes.

A prole seria de outra mãe e, consequentemente, as orcas avós não precisariam gastar energia criando novos filhotes. 

Isso pode ter dado certo no passado, quando a população das orcas era maior. Hoje, há apenas 73 animais na região, não havendo nenhum benefício nesse tipo de reprodução.

O ideal seria as matriarcas continuarem tendo filhos, principalmente fêmeas, mas sabemos que mudar a cabeça de uma mãe não é tarefa fácil.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas