Cientistas ligam chuvas recorde na China a surto de Covid

A rápida queda nas emissões de gases do efeito estufa e material particulado na atmosfera parece ter levado ao aumento de chuvas na China.
Chuvas China
Imagem: Nuno Alberto/Unsplash/Reprodução

Junho e julho de 2020 foram meses particularmente preocupantes para os chineses. As chuvas que atingiram centro e leste da China superaram em 79% a média de precipitação vista nos últimos 41 anos. 

Como consequência, centenas de pessoas morreram e milhões foram evacuadas de suas casas durante o verão asiático. Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da Informação de Nanquim, na China, sugerem que o evento climático extremo é uma consequência da pandemia de Covid-19. 

Em 2020, o país registrou uma rápida queda nas emissões de gases do efeito estufa. Os bloqueios impostos pela chegada do vírus também fizeram com que os níveis de material particulado na atmosfera – gerados a partir da queima de combustíveis fósseis, por exemplo – diminuíssem. 

A queda do material particulado teria levado a um aquecimento da superfície terrestre. Em contrapartida, a diminuição dos gases de efeito estufa colaboraram para o resfriamento do oceano. 

“Isso, por sua vez, aumentou a pressão do nível do mar sobre o Sul da China/Filipinas e intensificou os ventos que trouxeram ar úmido para o leste da China, que então enfrentou a precipitação intensa”, explicou Yang Yang, principal autor do estudo, à BBC. O estudo completo foi publicado na revista Nature Communications

Fica a dúvida: se a emissão de gases do efeito estufa e material particulado for reduzida em escala mundial, teremos mais eventos climáticos como este? Os pesquisadores não sabem responder essa questão com certeza, mas sugerem que não.

A China enfrentou uma mudança abrupta e repentina. Por outro lado, as políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas levantadas por governos mundo afora visam alterações graduais. 

Neste contexto, indústrias não fecharão de uma hora para a outra e a circulação de carros também não será tão impactada, por exemplo. Logo, as autoridades não só podem, como devem continuar focando na redução de poluentes na atmosfera.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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