Ciência

Cientistas querem uso de cortinas debaixo d’água para frear derretimento de geleiras

Ideia de instalar cortinas no fundo do oceano ainda não é consenso entre especialistas, mas surge como alternativa para retardar o problema
Imagem: Annie Spratt/ Unsplash/ Reprodução

Com o avanço do derretimento das geleiras nas regiões polares, um grupo de pesquisadores surgiu com uma nova proposta. A ideia consiste em instalar estruturas como cortinas no fundo do mar, para que atuem como uma barreira, protegendo as geleiras da água aquecida do oceano.

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As duas calotas de gelo do mundo, localizadas na Groenlândia e na Antártida, costumam perder gelo principalmente através das chamadas “geleiras de saída”. Elas são pedaços de gelo que se projetam no oceano e, como ele está aquecido, essas partes começam a erodir.

Ainda assim, pesquisadores alertam que essas geleiras de saída ainda são muito importantes na contenção do derretimento. Isso porque atuam como uma barreira e impedem que a calota deslize para o oceano.

Embora esses sejam os locais de maior derretimento, as geleiras de saída também atuam como uma barreira, impedindo que a calota de gelo deslize mais rapidamente para o oceano. 

Entenda a proposta

Cada cortina teria cerca de 100 metros de altura. Uma parte seria ancorada ao leito do mar por uma fundação, enquanto a outra seria flutuante. Até agora, a análise de materiais apontou que seria preciso algo como “plásticos muito duráveis e escorregadios”. 

“Mas obviamente, plásticos não são uma boa coisa para introduzir em qualquer lugar”, especialmente na Antártida, disse John Moore, um glaciologista da Finlândia e o principal defensor da ideia. Por isso, agora ele está estudando a possibilidade de trabalhar com materiais como lona, cânhamo e sisal.

Não há consenso científico

De acordo com Moore, os estudos ainda devem durar cerca de uma década. Nesse período, seria necessário realizar um teste piloto. Segundo a revista Nature, o Centro de Reparo do Clima, da Universidade de Cambridge, planeja iniciar experimentos laboratoriais em fevereiro.

Mas, assim como outras propostas de geoengenharia para enfrentar as mudanças climáticas, a solução ainda não foi completamente aceita. Cientistas ainda estão recebendo a ideia com ceticismo porque, para eles, a operação e o custo necessários inviabilizam a proposta.

Até agora, os custos estão estimados entre US$ 40 bilhões a US$ 80 bilhões, com necessidade de manutenção anual — o que demanda mais US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões. Isso para uma cortina de 80 quilômetros de comprimento, a uma profundidade de 600 metros.

Além disso, consideram que concentrar esforços nessa ideia é uma distração da tarefa principal: parar o derretimento antes que saia de controle. Também há uma preocupação de alguns especialistas que a cortina bloqueie o fluxo de nutrientes entre a geleira e o mar, prejudicando potencialmente o ecossistema marinho circundante.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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