Após 12 anos do desastre nuclear e liberação de água radioativa da usina de Fukushima no oceano, cientistas estão coletando amostras de peixes da região. A ideia é avaliar os possíveis impactos dessa água — e se o consumo dos peixes já é seguro.
Um estudo conduzido pelo órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) marca o primeiro esforço sistemático desde o início da liberação da água em agosto.
No porto de Hisanohama, a aproximadamente 50 quilômetros ao sul da usina de Fukushima, um grupo de cientistas da China, Coreia do Sul e Canadá observaram a coleta de amostras de peixes recém-capturados.
Essas amostras serão submetidas a testes independentes em laboratórios de cada país, conforme informado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, na sigla em inglês).
“O governo japonês pediu que fizéssemos isso. E uma das razões pelas quais quer que façamos é tentar fortalecer a confiança nos dados que o Japão está produzindo”, afirmou à Reuters Paul McGinnity, cientista pesquisador da AIEA, responsável por supervisionar a pesquisa.
A equipe da AIEA selecionou diversas espécies de peixes para a coleta de amostras, incluindo linguado-oliva, dourada, robalo, carapau japonês, corvina e baiacu vermiculado.
Peixe radioativo?
O Japão anunciou em agosto que os engenheiros da central nuclear de Fukushima começaram a despejar a água residual acumulada na usina no mar pela primeira vez.
A decisão levou a China a anunciar a proibição imediata de todos os produtos do mar japoneses. Segundo o governo chinês, o país está “altamente preocupado com o risco de contaminação radioativa trazida pelos alimentos e produtos agrícolas do Japão”, afirmou, em comunicado.
Agora, com os estudos buscam garantir que o consumo dos peixes é seguro e derrubar as proibições impostas aos animais pescados na região.
Como aconteceu o acidente nuclear de Fukushima?
Construídos entre 1971 e 1979, a instalação era composta por seis reatores. Imediatamente após o terremoto, os reatores ativos desligaram, automaticamente, suas reações de fissão nuclear.
No entanto, o tsunami desativou os geradores de emergência que forneciam energia para controlar e operar as bombas que serviam para o resfriamento dos reatores.
O resfriamento insuficiente levou a três colapsos nucleares, tornando Fukushima o maior desastre nuclear desde o acidente nuclear de Chernobil.