A Claro realizou o primeiro teste público da tecnologia 5G durante o evento Led Zeppelin in Concert no último domingo (20). Realizado no Allianz Parque, o espetáculo contou com a participação da Nova Orquestra celebrando os 50 anos dos dois primeiros álbuns da banda de rock.
O primeiro teste com o 5G apresentado pela operadora foi uma experiência de realidade aumentada. O maestro Eder Paolozzi chamou ao palco Lucas Lima, da Família Lima. Porém, em vez de o músico entrar caminhando do backstage, sua versão holográfica simplesmente surgiu no meio do palco.
Com uma imagem e som incrivelmente nítidos, era como se estivéssemos vendo o próprio Lucas Lima tocando a música Black Dog, de Led Zeppelin, em seu violino. O artista estava no prédio da Claro, a 17 quilômetros de distância do estádio, sendo transmitido ao vivo via 5G. Ele depois se deslocou fisicamente até o Allianz Parque para falar com a imprensa sobre sua experiência.
Ele conta que, como artista, uma preocupação era a perda da qualidade do som, mas isso com certeza não foi um obstáculo na hora da transmissão. Já a imagem, piscou algumas vezes no palco, mas nada que comprometesse a experiência.
Já a segunda demonstração consistia em usar óculos de realidade virtual. Ao colocá-lo, era possível assistir ao espetáculo como se você estivesse no próprio palco, no meio da orquestra, acompanhando o maestro. Novamente, a qualidade do áudio era muito boa, mas a imagem não mantinha o mesmo padrão.
Durante o espetáculo, o aparelho enfrentou alguns problemas técnicos, mas, quando funcionou, a experiência foi bem consistente. Mesmo se movimentando com os óculos, não havia atrasos ou distorções na imagem, provando que o fluxo da conexão estava bem estável. Com isso, a Claro conseguiu entregar uma experiência muito interessante e divertida, fazendo com que você sentisse, de fato, como se estivesse ali no meio dos músicos em ação.
Leonardo Contrucci, diretor de inovação da Claro, diz que a empresa já vem realizando testes com o 5G em seu laboratório desde 2016 e o evento no Allianz Parque foi a primeira demonstração pública da tecnologia.
Sobre a escolha do teste, ele explica: “Tem uma pesquisa recente que a Ericsson fez que mostra que existe uma expectativa do consumidor de ter muita aplicação de AR (realidade aumentada) e VR (realidade virtual) com o 5G. A gente trouxe um pouco de AR e VR hoje aqui no evento de forma inédita, mas temos certeza de que vai muito além do entretenimento. O 5G vem realmente para transformar o Brasil”.
Durante sua conversa com a imprensa, Lucas Lima deu como exemplo a ideia de criar uma banda com membros de diferentes países, em que cada um tocaria um instrumento típico da região. Com o 5G, seria possível fazer um show com holografias sendo transmitidas ao vivo, da mesma forma que ele se apresentou no início do Led Zeppelin in Concert.
Ele ainda diz que não vê a tecnologia como uma ameaça às formas tradicionais de entretenimento. Afinal, com uma holografia, não há interação entre público e artista, além da questão de se engajar em uma atividade de forma coletiva. Assistir a uma transmissão de show em casa, por exemplo, não é o mesmo que curtir a apresentação junto com outras pessoas que compartilham os mesmos gostos. “As redes sociais, o streaming, obviamente atingem mais pessoas, mas é tão indescritível o que é um show ao vivo que eu não sei se, em termos artísticos, isso é substituível”.
Ane Lopes, diretora de marketing da Claro, ressalta que o evento foi o primeiro teste realizado em público e é inevitável que haja algumas dificuldades. No entanto, ela conta que a equipe continua trabalhando em seus laboratórios para projetos futuros.
Contrucci também diz que o laboratório da Claro tem sido usado pela Anatel e por outras operadoras como centro de experimentação do 5G “para que se possa contestar a tecnologia e aprender sobre ela. Inclusive, acho que vai ajudar e, já tem ajudado, no processo do leilão que vai acontecer no próximo ano provavelmente”.
Infraestrutura técnica
A experiência com 5G no Led Zeppelin in Concert foi realizada em parceria com a Ericsson. A empresa instalou uma rede 5G no estádio que utiliza AIR 6488 (que agrega rádio e antena em um único produto) com Massive Mimo, que permite múltiplas conexões simultâneas no mesmo dispositivo. Segundo a Claro, a rede atingiu taxas acima de 1Gbps, operando na frequência 3,5Ghz, com largura de banda de 100MHz.
De acordo com a empresa, a faixa de frequência 5G foi combinada com a frequência LTE (Long-Term Evolution), mostrando a compatibilidade e convivência entre as duas. O estádio também contou com quatro antenas Dual-beam que possibilitaram que a rede comercial 4.5G fosse triplicada por meio da agregação de quatro faixas de frequência LTE.
Já para garantir a baixa latência do 5G, foi utilizado o Virtual Evolved Packet Core (vEPC), uma estrutura para virtualizar as funções necessárias para convergir voz e dados em redes 4G LTE. O vEPC move os componentes individuais da rede principal, tradicionalmente executados em hardware dedicado, para servidores centralizados.
Apesar da demonstração, o 5G ainda deve demorar para ser disponibilizado comercialmente. O leilão das frequências deve rolar apenas em 2020. Após isso, inicia o processo de criação de infraestrutura para, posteriormente, iniciar a venda do serviço para o público.