Ciência

Calor extremo pode tornar regiões brasileiras inabitáveis em 50 anos

Estudos indicam que locais podem ter condições extremas que impedem corpo humano de se resfriar, o que as tornam em regiões inabitáveis
Imagem: Fabian Struwe/ Unsplash/ Reprodução

Análises da NASA e da WMO (World Meteorological Organization) mapearam lugares no mundo que provavelmente serão regiões inabitáveis devido ao calor extremo até 2070 — e o Brasil está na lista. Embora o país não seja todo afetado, grande parte dele está sob risco, principalmente a região mais próxima à linha do Equador. 

Clima extremo pode deixar regiões inabitáveis no Brasil

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Além de partes do Brasil, o sul da Ásia, o leste da China, o Golfo Pérsico e alguns estados dos EUA também vão enfrentar condições difíceis para a manutenção da vida nos próximos 50 anos.

O Brasil em 2070?

No X, antigo Twitter, o climatologista australiano Andrew Watkins utilizou um estudo de 2021 da WMO para criar um mapa que evidencia os lugares do planeta sob maior risco de atingir temperaturas que tornam as regiões inabitáveis.

De acordo com a WMO, 1 bilhão de pessoas poderão enfrentar extremo estresse térmico se o aumento da temperatura média global atingir 2°C acima da era pré-industrial.

Porém, a projeção levou em consideração regiões apontadas pelo estudo como sendo áreas em que, provavelmente, as temperaturas estarão 4°C acima da média pré-industrial. Nesses casos, o pesquisador já havia indicado que o índice de bulbo úmido – que é um indicador diferente de temperatura – poderia chegar a níveis em que o corpo humano não aguenta sobreviver. Veja:

De acordo com o mapa, grande parte do Brasil será afetada. Contudo, as regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Nordeste estão em destaque como os principais focos do aumento das temperaturas no país.

Tanto para a projeção das regiões afetadas da NASA, quanto no comentário do pesquisador Watkins, a medida utilizada para mensurar o calor que torna a vida impossível é o índice de bulbo úmido. E esse indicador não é o mesmo que a temperatura comum ou sensação térmica.

Entenda o contexto

Em geral, a medida indica a temperatura mais baixa para a qual um objeto pode se resfriar quando a umidade evapora dele. Na prática, isso significa o quanto o corpo de uma pessoa consegue aliviar o calor por meio da transpiração.

Dessa forma, o índice de bulbo úmido mede quão bem o organismo se resfria suando quando o ambiente está quente e úmido. E quanto mais baixa a temperatura de bulbo úmido, mais fácil é para uma pessoa conseguir resfriar seu corpo.

Por exemplo, quando um indivíduo acaba o banho e sai do vapor quente do chuveiro, ele consegue se refrescar se o ambiente externo estiver menos quente e menos úmido.

Em geral, enquanto a temperatura de bulbo úmido estiver bem abaixo da temperatura da sua pele, seu corpo pode liberar calor para o ambiente por meio da radiação e do suor. Por isso, o índice deve estar de 5°C a 10°C abaixo da temperatura corporal.

Contudo, à medida que o índice se aproxima da sua temperatura, você perde a capacidade de se resfriar. Isso porque, quanto mais quente está, mais esforço o organismo faz para transpirar. Mas o ar úmido tem menos capacidade de reter umidade adicional, então a água evapora mais lentamente.

Por este motivo, humanos não conseguem sobreviver a uma temperatura de bulbo úmido de 35°C. Antes mesmo disso, o corpo desidrata e o sangue corre para sua pele para tentar liberar calor, inutilmente. 

Com isso, priva a circulação dos órgãos, que entram em estado de estresse, especialmente o coração. Dessa forma, lugares do planeta (incluindo o Brasil) que atingirem temperaturas de bulbo úmido nesse valor se tornarão regiões inabitáveis para os seres humanos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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