Coma bactérias para aumentar o poder do seu cérebro
É o que diz Dorothy Matthews do Sage Colleges em Troy, estado de Nova York, que apresentou seus resultados no encontro anual da Sociedade Americana de Microbiologia em San Diego, Califórnia, esta semana.
Em um clássico teste de aprendizado, Matthews deu aos ratos uma recompensa — pão com geléia de amendoim — para encorajá-los a correr pelo labirinto. Quando ela começou a colocar um pouco de Mycobacterium vaccae na comida, ela descobriu que os ratos corriam pelo labirinto duas vezes mais rápido do que os ratos que receberam a recompensa limpa. Isso sugere que eles aprenderam a se orientar pelo labirinto com mais rapidez, diz Matthews.
Mais importante, os ratos que receberam a bactéria na comida continuaram a correr pelo labirinto com mais rapidez do que os outros por 18 testes pelas seis semanas seguintes, o que demonstra que eles não estavam simplesmente mais alertas devido a uma mudança súbita na dieta. Este efeito durou quatro semanas depois que o última recompensa "alterada" foi dada aos ratos.
Rápidos de raciocínio
Matthews acredita que isso foi causado pelo efeito que a M. vaccae tem no sistema imunológico, algo que foi investigado em 2007 por Chris Lowry.
Lowry estava tentando entender porquê pessoas doentes — que estão com seus sistemas imunológicos ativados — frequentemente ficam molengas e depressivas, o que poderia ser uma adaptação para acelerar a recuperação.
A sua equipe descobriu que expor ratos à bactéria, ativando assim os seus sistemas imunológicos, ativa conjuntos de neurônios no seu tronco cerebral chamados núcleos dorsais Raphe. Estes neurônios conectam algumas estruturas do cérebro a outras estruturas que regulam humor e comportamento.
O resultado levou Matthews a investigar se o efeito da bactéria no cérebro levava a diferenças mais gerais na função cognitiva — e ela descobriu que sim.
Foco no labirinto
A bactéria pode acelerar o aprendizado porque os núcleos Raphe estimulam uma região do cérebro chamada hipocampo, que lida com a memória espacial, diz ela.
Mas a bactéria também alterou o humor dos ratinhos — eles mostraram menos comportamentos que indicassem ansiedade, talvez análogo ao comportamento mais calmo que o sistema imunológico causa nas pessoas quando é ativado.
Isto provavelmente foi causado por mudanças nas suas funções mentais superiores, o que talvez tenha permitido aos ratos se concentrarem mais no labirinto.
Matthews diz que a exposição às bactérias do solo pode afetar o cérebro dos humanos também. "Isso só mostra que nós evoluímos com a sujeira como caçadores-coletores", diz ela. "Então desligue a sua TV e vá trabalhar no seu jardim, ou caminhar em um parque."