Como a análise do esgoto pode ajudar a prevenir surtos de Covid
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, sigla em inglês) estão utilizando uma técnica diferente para detectar surtos de Covid-19: o monitoramento de esgotos. De acordo com os pesquisadores, entre 40% e 80% das pessoas infectadas eliminam RNA viral nas fezes, permitindo monitorar a propagação da doença por meio da análise de águas residuais.
Tudo começou como uma pequena pesquisa elaborada pelo CDC em 2020, e hoje há mais de 400 áreas nos EUA sendo inspecionadas. Para ter uma noção, é como se as fezes de 53 milhões de americanos estivessem na mira dos cientistas.
O serviço planeja aumentar ainda mais esse número, o que deve ajudar a abastecer o site de rastreamento de dados do Sistema Nacional de Vigilância de Águas Residuais (NWSS) do CDC. No mapa desenvolvido pelas autoridades de saúde é possível ver as áreas onde os níveis de RNA viral na água aumentaram (em tons de azul) ou diminuíram (em tons de vermelho) nos últimos 15 dias.
E por que é tão importante monitorar este RNA viral? Os pesquisadores explicam que sua liberação no cocô pode ocorrer antes mesmo do paciente apresentar sintomas ou testar positivo para a doença. Sendo assim, detectá-lo no esgoto serve como alerta para que as autoridades olhem para algumas áreas com mais cuidado, disponibilizando testes de Covid-19 e promovendo o acesso aos cuidados de saúde.
A análise não só previne surtos, como também pode ajudar na identificação de novas variantes. Um estudo recente publicado pelo CDC mostra que a variante ômicron foi detectada em alguns locais de monitoramento de águas residuais antes mesmo que quadros causados por ela fossem detectados nos estados americanos.
O Sars-CoV-2 parece ser apenas o pontapé inicial do CDC. Além de expandir a vigilância para identificar surtos de Covid-19 através do esgoto, a agência também pretende incluir outros patógenos nas análises, como o influenza, o norovírus, a bactéria E. coli e o fungo Candida auris.