Como a diversão influi na profissão: estudo mostra transição na vida do gamer
Pesquisadores ingleses realizaram um estudo para detalhar a relação entre jogos preferidos e vida profissional de pessoas que usam os games nos momentos de lazer. Participaram da pesquisa feita pelo setor de psicologia da Universidade de Surrey, no Reino Unido, 16.033 pessoas que jogam na Steam, plataforma de games da Valve.
O estudo serviu para entender melhor como as escolhas de jogos se relacionam com a vida profissional. O principal ponto do estudo é que os jogos podem ajudar no desenvolvimento de uma série de benefícios, como melhorar a coordenação, tempo de reação, melhorar habilidades de resolução de problemas e também de tomada de decisão.
Também constatou que profissionais da tecnologia da informação (TI) preferiram jogar games de puzzle, que podem ser úteis para melhorar habilidades de percepção e tomada de decisões, enquanto pessoas em cargos de liderança e gerência preferiram o gênero de RPG de ação, onde habilidades de organização e planejamento são necessárias para cumprir os desafios propostos.
Já os profissionais de engenharia jogam mais títulos de estratégia, que demandam resolução de problemas e raciocínio lógico. Além disso, o estudo revelou que mulheres preferiram jogar games single player, o que muito provavelmente se dá em razão do ambiente machista — e até mesmo tóxico — nos chats de voz de jogos multiplayer online.
A psicóloga cognitiva e pesquisadora da Universidade de Surrey, Anna-Stiina Wallinheimo, afirmou que muitos recrutadores acabam ignorando possíveis habilidades interpessoais adquiridas fora do ambiente de trabalho, e principalmente as coonquistadas em games, por exemplo, que podem ser de extrema utilidade no âmbito profissional.
“Acreditamos que as experiências de jogos online dos candidatos devem ser destacadas porque essas habilidades interpessoais adquiridas podem realmente ajudar a desenvolver seus pontos fortes gerais para o trabalho em questão.”
Co-autora do estudo, a pesquisadora Anesa Hosein, acredita que as universidades podem investir em games pensados especificamente para cada curso e especialidade como parte do desenvolvimento profissional dos estudantes.
“Nossa pesquisa também pode inspirar os desenvolvedores de jogos a trabalhar para aprimorar essas habilidades pessoais em sua produção. Locais de aprendizado, como universidades, por exemplo, podem permitir que os alunos reflitam e incorporam jogos como parte do desenvolvimento de suas carreiras”
É necessário ressaltar que mesmo que os games sejam importantes para desenvolvimento de habilidades interpessoais, se jogados em excesso podem ser prejudiciais, gerando vício e dependência. E, conforme a gravidade, só poderão ser revertidos com tratamento psicológico.