Como a presença de metano pode dar pistas sobre vida em outros planetas
A busca por vida fora da Terra não acontece igual nos filmes de ficção científica. O contato direto com extraterrestres — ou formas de vida minimamente complexas –, afinal, está bem longe de se tornar realidade. Se é que vai ser possível algum dia.
Na verdade, o que os pesquisadores fazem é buscar por bioassinaturas fora da Terra – marcas que indicam a presença de seres vivos, como água e gás oxigênio.
Agora, a aposta principal tem sido uma bioassinatura menos óbvia: o metano. O gás pode parecer uma escolha peculiar, mas ele é um dos poucos sinais de vida capaz de ser detectado pelo Telescópio Espacial James Webb, que está se preparando para iniciar suas operações.
Mas, para considerar o metano como bioassinatura, é preciso levar em conta uma série de fatores. Isso porque ele pode ser produzido por seres vivos, como as vacas ou a vegetação em decomposição, mas também liberado por vulcões e cometas — que não tem nada de vivos.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA, decifraram de que maneira os cientistas podem diferenciar as origens do metano, o que o permite manter como um sinal primário da presença de vida. O estudo que discute as descobertas foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Vamos às considerações. Para começar, os cientistas devem considerar a quantidade de metano encontrada na atmosfera. Quanto mais gás, maior a chance de vida, já que é de entendimento dos cientistas que a atividade biológica produz grandes níveis de metano.
Mas e se o metano estiver sendo produzido por um vulcão? Para saber se o vulcão é apenas um acréscimo, os cientistas devem considerar também o monóxido de carbono expelido por ele.
Em resumo, caso houvesse atividade biológica, ela estaria consumindo o monóxido de carbono. Níveis altos desse gás liberado pelo vulcão indicam que não há vida por ali, mas níveis baixos nos dão uma pista do que está acontecendo.
Os pesquisadores devem tomar cuidado para não cair em falsos positivos. Planetas que orbitam estrelas jovens ou compostos por mais de 10% de água em peso também podem ter atmosferas ricas em metano — sem necessariamente abrigar vida.
“Uma molécula não vai lhe dar a resposta – você tem que levar em conta todo o contexto do planeta”, disse Maggie Thompson, autora do estudo, em comunicado. “O metano é uma peça do quebra-cabeça, mas para determinar se existe vida em um planeta, você deve considerar sua geoquímica, como está interagindo com sua estrela e os muitos processos que podem afetar a atmosfera de um planeta em escalas de tempo geológicas.”