Como “desarmar” teorias da conspiração? A ciência tem alguns palpites

Combater teorias da conspiração não é tão simples quanto parece: uma vez que a pessoa assume a crença, é difícil resgatá-la, sugere estudo irlandês
Como "desarmar" teorias da conspiração? A ciência tem alguns palpites
Imagem: Marco Verch/Flickr/Reprodução

Se você se depara com uma pessoa que caiu na fácil armadilha das teorias da conspiração, sempre existe a chance de dar aquele “alerta amigo” para ela. Porém, segundo um novo estudo, existem poucas formas comprovadas de mudar o pensamento de alguém que mergulhou em uma desinformação. 

A pesquisa, realizada por cientistas da University College Cork, na Irlanda, se debruçou sobre estudos anteriores que tentaram neutralizar o pensamento conspiratório. Ao analisar os dados, eles descobriram estratégias comuns para fazer os conspiracionistas perceberem o absurdo de suas crenças. 

Mas, segundo o grupo, isso nem sempre é tão simples. A pesquisa concluiu que a forma mais promissora de combater o pensamento conspiratório é preveni-lo, seja alertando pessoas com antecedência ou ensinando-as a identificar evidências sobre a desinformação

“Ainda estamos longe, infelizmente, de ter uma bala de prata que resolverá a desinformação como um todo”, disse Cian O’Mahony, o principal autor do estudo e doutorando em psicologia em Cork. 

Segundo ele, combater as crenças conspiracionistas é importante porque essas informações podem encorajar as pessoas a agir de maneira prejudicial. Desde a pandemia, vimos exemplos aos montes por aí. Um exemplo é a crença de que a vacina contra a Covid implanta um chip nos imunizados – o que, sabemos, é falso. 

Isso fez com que muitas pessoas, inclusive do grupo de risco, se recusassem a receber as doses. Além de representar um risco a si mesmas e suas famílias, essa decisão também prejudica o combate ao vírus, que só perde a força se toda a população for vacinada.

Mas como combater teorias da conspiração? 

Na pesquisa, a equipe avaliou 24 estudos, a maioria conduzida nos EUA e no Reino Unido. Entre as intervenções analisadas, as menos eficazes foram apelar para o senso de empatia ou zombar de um conspiracionistas por causa de suas crenças. 

Já os mais efetivos foram avisar as pessoas com antecedência de que poderiam se deparar com uma teoria da conspiração e já fornecer um argumento contra ela.

A seguir, confira as melhores formas de combater teorias da conspiração. Mas atenção: os cientistas reforçam que esses são apenas pontos de partida para lidar com isso – ou seja, não devem ser vistas como a última palavra sobre intervenções. 

  • Não apele para a emoção. As pesquisas apontam que estratégias emocionais não funcionam para mudar a crença. 
  • Argumentos factuais importam pouco. Nos debates, levar ou não dados científicos não faz muita diferença para lidar com conspiracionistas.  
  • Foco na prevenção. A melhor estratégia é ajudar as pessoas a reconhecer informações e fontes não confiáveis antes que elas sejam expostas a uma crença conspiracionista. 
  • Apoie a educação e a análise. Colocar as pessoas em uma mentalidade analítica e ensiná-las explicitamente como avaliar informações parece a forma mais protetiva contra disseminadores de teorias. 
Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas