Como foram as mudanças climáticas na Terra há 56 milhões de anos
Uma equipe internacional de cientistas acredita que mudanças na órbita da Terra há 56 milhões de anos podem ter desencadeado um aquecimento global acelerado. As descobertas foram publicadas recentemente na revista Nature Communications.
Os profissionais analisaram amostras de núcleo de um registro do máximo térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM, na sigla em inglês) próximo à costa de Maryland. Assim, eles descobriram que a forma da órbita da Terra e a oscilação em sua rotação favoreciam condições mais quentes no início do evento.
“Um gatilho orbital pode ter levado à liberação de carbono que causou vários graus de aquecimento global“, disse Kump, da Faculdade de Ciências da Terra e Minerais da Penn State.
Além disso, as pesquisas também indicam que o início do PETM durou cerca de 6 mil anos. Nesse período, com estimativas de 10 mil gigatoneladas de carbono injetadas na atmosfera como gases de efeito estufa, dióxido de carbono ou metano, calcula-se a liberação de cerca de uma gigatonelada e meia de carbono por ano.
Para Kump, as taxas da época são motivo de preocupação. Afinal, para se ter uma ideia, cada gigatonelada equivale a 1 milhão de toneladas. E o número tende a piorar, aliás: “Agora estamos emitindo carbono a uma taxa 5 a 10 vezes maior do que nossas estimativas de emissões durante esse evento geológico”.
Como forma de estimar o ritmo do PETM, cientistas conduziram uma análise do conteúdo de cálcio e suscetibilidade magnética nos núcleos. A órbita da Terra tem variação previsível devido a interações gravitacionais com o sol e outros planetas do sistema solar. Essas mudanças afetam a quantidade de luz solar sobre a Terra e sua distribuição geográfica, influenciando também no clima.
“Isso afeta a produtividade dos organismos marinhos e terrestres, quanta chuva há, quanta erosão há nos continentes. E, portanto, quanto sedimento se transporta para o ambiente oceânico”, explica Kump.