Como funciona a segurança das urnas eletrônicas nestas eleições

Urnas eletrônicas têm pelo menos 30 barreiras de segurança, diz o TSE; veja quais são elas e como votar neste domingo (2) neste guia do Giz Brasil
Como funciona a segurança das urnas eletrônicas nestas eleições
Imagem: TRE Paraná/Divulgação

Chegou a hora: este domingo (2) é o dia para escolher os novos representantes nos poderes Executivo e Legislativo. E todo o processo passa pela urna eletrônica, uma tecnologia exclusivamente brasileira que começou a ser usada em 1996. 

Desde o começo, o objetivo da urna eletrônica era acelerar a contagem de votos e evitar possíveis fraudes. Os equipamentos são auditados antes, durante e depois das eleições por várias instituições, incluindo as Forças Armadas e Polícia Federal. 

Esse processo de auditoria é importante para desmistificar a ideia de que a urna pode ser alvo de ataques ou invasões. O equipamento funciona de forma isolada.

Ou seja, ela não é conectada a nenhum dispositivo em rede com a internet, Wi-Fi ou Bluetooth, o que evita uma possível entrada de hackers. Os únicos cabos do aparelho são de energia e o que conecta o terminal do mesário. 

A seguir, mostramos todo o funcionamento das urnas e porque é bobagem desconfiar delas.

Um pouco de história, rapidinho 

Fraudes eleitorais são um verdadeiro trauma na história do Brasil. Isso era muito comum desde os tempos do Império, quando a votação acontecia em cédulas de papel. Esse cenário começou a ser combatido em 1932, com a criação da Justiça Eleitoral. 

As urnas eletrônicas só começaram a funcionar em 1996. Naquele ano, apenas 30% dos eleitores votaram neste sistema. Nas eleições de 1998, o índice subiu para 60% e, em 2000, 100% dos eleitores brasileiros abandonaram o voto em papel. 

O que garante a segurança das urnas? 

Como funciona a segurança das urnas eletrônicas nestas eleições

Imagem: TSE/Divulgação

Além do fato da urna não ter nenhuma conexão com a internet, outros procedimentos ajudam na segurança. As urnas têm pelo menos 30 barreiras para proteger o sistema de qualquer invasão. 

Para alterar uma informação, um hacker teria que passar por diversas camadas. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), isso inviabiliza qualquer tentativa. “O tempo e o esforço necessários seriam muito maiores que o benefício eventualmente obtido, além do pouco tempo disponível durante a votação”, relata o tribunal. 

Além disso, a placa-mãe das urnas possui um hardware de segurança protegido com resina epóxi, que não pode ser desligado ou desativado. É isso que atesta a autenticidade dos programas usados na urna. 

Outro ponto: as urnas têm proteção de criptografia de ponta a ponta. Ou seja, o número de votos e biometria dos eleitores ficam “embaralhados” durante a eleição e, por isso, inacessíveis a pessoas não autorizadas. 

No dia da votação, antes mesmo da seção abrir para os eleitores, o presidente da mesa e mesários atestam que a urna não tem nenhum voto computado. Esse processo se chama zerésima, e ganha a assinatura de todos os presentes. 

O voto é auditável? 

Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE

Sim. Antes, durante e depois da eleição, as urnas eletrônicas passam por um processo de audição para atestar que o processo está sendo verdadeiro. A cada eleição, a Justiça Eleitoral convida representantes de instituições, partidos políticos e especialistas na área para atestar a segurança desses equipamentos. 

Um ano antes da eleição, o TSE abre o código-fonte das urnas para que técnicos inspecionem possíveis falhas na programação do software. Diversos órgãos públicos e da sociedade civil têm acesso a esse código. 

Depois disso, começam os testes públicos de segurança. Na prática, a urna fica exposta a ataques de especialistas, que tentam acessar o sistema para encontrar possíveis falhas. Se isso acontece, essa falha passa por correção e, depois, é alvo de testes novamente. 

As urnas só vão receber a assinatura digital e ter o software lacrado depois de todas as etapas de teste e a garantia de que estão seguras. 

Como votar 

"Assinatura digital", "zerésima": veja o glossário tech do TSE das eleições 2022

Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE

As seções eleitorais abrem das 8h às 17h no horário de Brasília em todo o país. Ou seja, alguns estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas, começam mais cedo. Veja a tabela de horários aqui

Para votar, basta apresentar um documento oficial com foto na sua seção eleitoral. A apresentação do título de eleitor é facultativa. Outra possibilidade é usar o e-Título, aplicativo da Justiça Eleitoral.

Lembre-se: é proibido o uso do celular nas cabines de votação. Além disso, está permitido a manifestação individual e silenciosa do eleitor, com uso de bandeiras, broches, adesivos e camisetas, por exemplo. Isso é diferente da propaganda eleitoral, como pedido de votos e entrega de santinhos, uma prática proibida no dia. 

E a dúvida que não quer calar: pode votar de bermuda, regata e chinelo? É claro que sim. Vá do jeito que achar melhor – só não deixe de votar.

Assine a newsletter do Giz Brasil

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas