Especialistas especulam como o Google vai cobrar para que você jogue no Stadia

Especialistas acham difícil que um modelo gratuito à base de anúncios funcione; modelo de inscrição é uma das possibilidades
Alex Cranz/Gizmodo

O Google anunciou durante a semana o seu novo e extravagante serviço de streaming de jogos Stadia. No entanto, a questão de como o gigante da tecnologia está planejando monetizá-lo permanece bastante aberta. Não está claro se os usuários terão acesso à biblioteca de jogos do Stadia comprando títulos individuais, pagando uma assinatura mensal ou até mesmo jogando gratuitamente em um modelo à base de anúncios.

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Em entrevista ao Business Insider na sexta-feira (22), alguns analistas da indústria se mostraram céticos quanto à viabilidade da última opção, dados os imensos custos do desenvolvimento de títulos campeões de venda e a necessidade das empresas de desenvolvimento de saber se conseguirão gerar lucro.

“Em um mundo perfeito para o Google, seria um modelo baseado em anúncios, já que a empresa não é tão bem-sucedida em serviços pagos”, disse ao site o analista Patrick Moorhead, da Moor Insights & Strategy. “A realidade é que levaria décadas para que a jogabilidade e o conteúdo fossem otimizados para esse modelo.”

Outro analista, Eric Haggstrom, da eMarketer, disse ao Business Insider que o mercado de anúncios em jogos, avaliado em US$ 3 bilhões, é atualmente composto principalmente por games móveis de qualidade inferior. Mas ele viu várias áreas onde o Google poderia injetar publicidade, sugerindo que a empresa também poderia recorrer a um modelo no estilo Fortnite ou Apex Legends, em que a jogabilidade básica é gratuita, mas os usuários podem pagar por complementos como skins e itens estéticos:

“Se você tem um novo jogo de battle royale que acabou de sair e quer que as pessoas joguem seu jogo, em última análise, o melhor lugar para anunciar seria dentro de outros jogos que são semelhantes”, disse Haggstrom.

O analista acha que o serviço do Google deve adotar uma abordagem parecida com a do megapopular Fortnite, que não cobra dos jogadores para baixar seu jogo, mas permite a compra de skins e outros itens estéticos no game. Ele acredita que esse tipo de modelo de compra dentro do jogo poderia fazer sentido, considerando que o Stadia tem divulgado uma plataforma aberta com pouquíssimas barreiras de entrada.

Os jogadores também são notoriamente inconstantes, e muitos já estão perdendo a paciência com táticas mesquinhas como microtransações, então é difícil imaginar que eles se adaptem bem a um modelo que requer a interrupção de suas jogatinas de vez em quando para que sejam bombardeados com anúncios.

Por fim, no entanto, as despesas de execução de um modelo com suporte a anúncios podem ser muito grandes para o Google suportar. Os concorrentes atuais normalmente optam por modelos de assinatura.

O vice-presidente do Google, Phil Harrison, sugeriu ao Polygon que o serviço exigirá o gasto de imensas quantias de dinheiro para funcionar em primeiro lugar; o Stadia será, pelo menos em teoria, um streaming de jogos em resoluções HD com altas taxas de quadros para milhões de usuários que terá a capacidade de entregar isso com uma fidelidade gráfica muito maior (além da escala, como, por exemplo, com as partidas de Battle Royale com mil jogadores) que a dos consoles existentes.

“É registro público que, em 2019, o Google estará gastando US$ 13 bilhões em infraestrutura e despesas de capital”, disse Harrison ao site. “Portanto, este é um investimento muito significativo para a empresa.”

Outras questões sobre o serviço permanecem, além de como, exatamente, os usuários terão acesso ao Stadia,. Uma delas é se vale a pena a troca de ter os títulos individuais em sua prateleira ou dentro do seu console por ter acesso a uma plataforma de streaming que pode definir seus próprios termos. Outra é se o Google consegue firmar parcerias com players da indústria cautelosos em relação a transtornos e/ou saltar com tudo em direção ao desenvolvimento interno de jogos, um negócio complicado que às vezes corre terrivelmente mal até para gigantes da indústria como a Bethesda (o lançamento desastroso de Fallout 76 serve de exemplo).

Como o Verge apontou, o Google também está fortemente inclinado a usar a integração com o YouTube e o Twitch como uma ferramenta promocional, assim como um recurso de crowd play que permitirá aos jogadores jogar com seus streamers favoritos — mas fazer isso sem expor esses streamers a assédio e trolls pode ser difícil.

[Business Insider/Polygon]

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