_Arqueologia

Como o DNA das morsas pode reescrever a história viking

Objetos de marfim encontrados na Ucrânia sugerem que os antigos vikings traziam o material de outro continente. Entenda

Marfim morsa

Imagem: Åge Hojem/NTNU University Museum

O marfim de morsas, obtido a partir das presas dos animais, era uma mercadoria muito valorizada em toda Europa e no mundo islâmico durante os tempos medievais. O material era usado em espadas, objetos sacramentais, esculturas, entre outros produtos. 

Por muito tempo, cientistas acreditaram que o comércio de marfim medieval era regional, com artesãos na Escandinávia usando presas da Groenlândia e profissionais da Rússia e Ucrânia obtendo o marfim do Ártico russo. Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B., no entanto, reescreve essa história.

Pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia analisaram o DNA de pequenas esculturas de marfim e outros ossos de morsa recuperados de uma região na Ucrânia que, no passado, abrigou um centro comercial viking. Os objetos haviam sido encontrados em 2007, mas seguem sendo estudados ainda hoje. 

E lá estava uma grande revelação: o marfim das morsas remetia a um grupo de animais conhecido por viver apenas na Groenlândia e no leste do Canadá. Algumas amostras também apontavam para a região da Islândia. Além disso, cortes encontrados em fragmentos de crânio  lembravam marcas já encontradas em peças escandinavas. O norte da Rússia ficou para trás.

O novo estudo ajuda a elucidar outra questão: pesquisadores já haviam notado que os crânios de morsas da Groenlândia encontrados na Europa foram diminuindo entre os anos 1000 e 1400. Ao que tudo indica, a oferta do animal estava diminuindo, fazendo com que os vikings optassem por morsas fêmeas e menores.

Agora, está explicada a diminuição dos animais. Esses mamíferos não eram caçados apenas para suprir as necessidades da Europa Ocidental, mas também a região da Europa Oriental e, provavelmente, até mesmo o mundo islâmico.

Os cientistas acreditam que, com a diminuição da oferta de morsas, a população também foi incentivada a abandonar as colônias nórdicas da Groenlândia entre os anos 1300 e 1400. Era hora de encontrar o material “de milhões” em outro lugar.

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