Erupções vulcânicas a.C.: como anéis de árvores descobrem a data
Quem vê no Instagram as fotos de Santorini, ao sudeste da Grécia, não imagina o que a região já enfrentou. A ilha que atrai turistas do mundo todo é, na verdade, o resto de uma caldeira vulcânica.
A erupção de Tera, antigo nome da região, foi uma das mais violentas da história europeia, sendo responsável por destruir os primeiros assentamentos humanos que existiram na ilha. No passado, cientistas da Universidade do Arizona buscaram evidências que provassem a data do episódio e acabaram chegando no ano de 1628 a.C.
A investigação foi baseada em anomalias encontradas em anéis de árvore, que indicam mudanças climáticas abruptas causadas pelo sulfato expelido pelo vulcão na estratosfera. Vale a lembrança: as árvores têm anéis de crescimento que correspondem aos seus anos de vida. Ao cortá-las, é possível descobrir sua idade e investigar o que estava acontecendo no meio ambiente naquela época.
Mas um novo estudo publicado na revista PNAS Nexus mostra que a relação entre a data e a erupção está errada. Na verdade, o causador de todo o drama visto no ecossistema em 1628 foi o vulcão Aniakchak II, do Alasca.
A pesquisa recente, também realizada por pesquisadores da Universidade do Arizona, alinha dados de anéis de árvores a presença de elementos expelidos pelo vulcão em núcleos de gelo na Antártica e Groenlândia.
As camadas, assim como as plantas, refletem a ação de erupções e permitem aos cientistas datar os acontecimentos. Houve um grande evento em 1628, que foi apontado por árvores da Irlanda e Califórnia, mas não foi causado pelo vulcão grego.
Após a descoberta, o episódio de Tera ficou sem data exata. Os pesquisadores estimam que ele tenha ocorrido em 1611 a.C., entre 1562 e 1555 a.C. ou no ano de 1538 a.C. Os cientistas celebram mesmo sem a certeza, já que agora podem trabalhar com menos datas e alcançar resultados mais precisos.
Além disso, o estudo também indica que qualquer impacto climático causado pelo vulcão Tera teria sido relativamente pequeno. A afirmação leva em consideração comparações feitas entre os picos de enxofre do período com aqueles de erupções mais recentes.