Como uma ferida cicatriza? Estudo investigou mecanismo de coagulação do sangue
Pense no seguinte cenário: você está em sua cozinha picando os alimentos de uma sopa para o jantar. Em um momento de distração, a faca acaba atingindo seu dedo. O sangue começa a escorrer e você corre para estancar com uma toalha limpa.
Ao mesmo tempo, seu corpo também entra em ação. Dá-se início a um processo chamado hemostasia, a resposta fisiológica natural do corpo para a prevenção e interrupção de sangramentos e hemorragias.
Isso ocorre em duas fases. Para começar, as plaquetas sanguíneas se ligam às bordas da ferida, formam um tampão e selam provisoriamente a lesão. Depois, inicia-se a coagulação do sangue, levando à formação de longos fios de fibrina que, juntamente com as plaquetas, fecham a ferida com firmeza.
Mas aqui estamos falando de um simples corte no dedo. Uma ferida crônica, ou seja, que pode demorar para cicatrizar, apresenta outros tipos de risco.
Nessas, se a fibrina for formada em excesso, pode ocorrer trombose e subsequentes obstruções vasculares. Por isso, a formação dessa proteína fibrosa deve ser controlada.
Mas até então os cientistas não sabiam como o organismo controlava tal formação. Agora, pesquisadores do Hospital Universitário de Würzburg, na Alemanha, parecem ter descoberto o mecanismo, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para acelerar a cicatrização.
Novo estudo
Segundo os pesquisadores, a chamada glicoproteína V (GPV), expressa na superfície das plaquetas sanguíneas, é quem controla a atividade da enzima trombina, responsável pela formação da fibrina. A descoberta foi relatada na revista Nature Cardiovascular Research.
Os cientistas realizaram diversos testes genéticos e farmacológicos para chegar a tais conclusões. Assim, perceberam que o GPV solúvel altera a atividade da trombina para que ela possa formar menos fibrina.
Em um segundo momento, a equipe desenvolveu um anticorpo capaz de aumentar a atividade da trombina, resultando em uma maior formação de fibrina. Médicos poderiam utilizar tal tratamento em casos de hemostasia prejudicada, acelerando a cicatrização de feridas e evitando tromboses.