Um aplicativo com um único objetivo: elogiar as pessoas. Esse é o Gas, o app de perguntas e respostas anônimas que ultrapassou o BeReal e chegou ao primeiro lugar das redes sociais com mais de 500 mil downloads na App Store.
Lançado em agosto só para iOS e em 12 estados dos EUA, a ferramenta diz que quer o fim da toxicidade das redes sociais. Por lá, os usuários só podem interagir com pessoas que aceitaram como amigos através de pesquisas.
A gente explica: no Gas, os usuários recebem adjetivos – somente positivos – e os amigos votam anonimamente naquele que mais atende às características do dono do perfil.
Alguns exemplos de perguntas são “Quem é mais provável de se vestir de Barbie no Halloween?” ou “Quem você admira secretamente?”. A partir daí, basta escolher os amigos que entram nas opções de voto – movimento chamado de “gassed up” (ou “dar gás”, na tradução para o português).
Ao responder as pesquisas, os usuários coletam moedas que podem servir para ver quem respondeu a perguntas específicas. Sem isso, só é possível saber o gênero e grau de escolaridade dos “votantes”.
O grau de escolaridade é um fator importante: o Gas foi criado para o público adolescente. Os jovens a partir dos 12 anos podem “parear” os usuários que estão na escola e, assim, interagir apenas com as pessoas que já conhecem.
Para saber o voto de todo mundo, basta virar um assinante pago no “God Mode” (algo como “Modo Deus”, na tradução livre). E é só isso: não há um inbox para mensagens diretas nem possibilidade de perguntas e respostas livres, como no ask.fm, por exemplo.
Novidade (ou demanda?) no mercado
Assim como o BeReal, que só permite uma foto totalmente sem filtro por dia, o Gas segue a tendência de redes sociais que tentam ser mais “saudáveis” para o público.
Não é por acaso. Em 2021, arquivos vazados do Facebook mostraram que 38% das meninas adolescentes que passam até cinco horas diárias online estão em quadros de depressão.
Em março, um levantamento do jornal New York Times estimou que o tempo de tela dos adolescentes entre 13 e 18 anos é de, em média, 8 horas e 39 minutos diários.
A empresa Find My Crush, que fundou o app, conta com dois nomes de peso no mercado de tecnologia: Nikita Bier, Isaiah Turner e Dave Schartz. Bier vendeu um app parecido com o Gas, o tbh, para o Facebook em 2017.
Já Turner é o engenheiro de software que co-fundou o aplicativo de bate-papo Monkey. Schatz integrou o quadro de funcionários do Facebook e hoje faz parte do exclusivo Proof, coletivo que reúne 1.000 colecionadores e criadores de NFTs.
Bier disse ao jornal Wall Street Journal que os dados de localização só são usados uma única vez, quando os usuários criam a conta. O objetivo: ajudar a encontrar suas escolas e amigos próximos. Depois, nenhum dado fica armazenado na plataforma.