Conheça o trabalho de voluntários brasileiros que seguem atuando em terremoto na Turquia

Brasileiros da ONG Borders of Love tiveram que mudar o foco de seus trabalhos para ajudar a população afetada durante o terremoto na Turquia, ocorrido há um mês
Voluntários brasileiros atuam em terremoto na Turquia
Imagem: EU Civil Protection and Humanitarian Aid/Flickr/Reprodução

Um mês atrás, em 6 de fevereiro de 2023, um terremoto de magnitude 7,8 atingiu a cidade de Gaziantep, na Turquia. Ao menos 50 mil pessoas morreram no desastre. Outros tremores tomaram o país nos dias seguintes, fazendo com que mesmo aqueles que não tiveram as casas afetadas pelo ocorrido ficassem com medo de voltar para debaixo de seus tetos. 

Em momentos como esse, é comum que organizações não governamentais voltem seus trabalhos para ajudar os que mais necessitam. Foi o caso da Borders of Love (Fronteiras do Amor), uma ONG brasileira que atua na Turquia desde 2014.

A reportagem do Giz Brasil pesquisou o trabalho da entidade. Acompanhe.

Voluntários brasileiros atuam em desastre na Turquia

Voluntários distribuem marmita na Turquia. Flávia Loiola é a terceira pessoa da esquerda para a direita. Imagem: Operation Blessing/Reprodução

Os fundadores da Borders não a criaram visando nenhum tipo de desastre natural. Na verdade, ela nasceu com o objetivo de amparar refugiados, principalmente sírios, que haviam perdido tudo durante a guerra. 

Em 2018, a ONG cresceu e se estabeleceu de forma fixa em Istambul. Na atual sede, os voluntários ministram aos refugiados aulas de inglês, jiu jitsu e outros cursos profissionalizantes. 

Mas após os terremotos na Turquia, o foco teve que mudar. A ONG Operation Blessing International solicitou o auxílio dos voluntários, que logo viajaram até a área afetada para apoiar os sobreviventes.

Experiência dos voluntários em terremoto na Turquia

Voluntários brasileiros atuam em desastre na Turquia

Voluntários distribuem barracas para desabrigados após terremoto na Turquia. Imagem: Arquivo pessoal/Reprodução

Flávia Loiola, que ministra aulas de inglês na Borders, foi uma das 15 enviadas à Gaziantep. “Chegamos no terceiro dia de terremoto. Eu não tive esse privilégio, mas outros da equipe que estavam trabalhando 24h por dia viram pessoas saindo dos escombros com vida”, relatou a voluntária ao Giz Brasil

O trabalho incluía a entrega de comida e cestas básicas para a população. Segundo Flávia, 80% da cidade ficou comprometida. Não havia energia elétrica e muito menos água. Para piorar a situação, fazia muito frio. “Tiveram noites em que os termômetros marcaram -2ºC”, contou Flávia.

Os voluntários e pessoas resgatadas podiam utilizar uma casa de apoio para ir ao banheiro. No entanto, não era recomendado ficar lá dentro, já que os tremores continuavam ocorrendo e havia o risco iminente de novos desabamentos. A equipe montou a cozinha, por exemplo, do lado de fora da residência.

Todos dormiam em barracas. Como relatou Loiola, além dos cobertores doados, os voluntários montavam fogueiras para se aquecer, enquanto parte do grupo tentava manter o calor ficando dentro dos carros.

Planos de novas ajudas

Loiola é casada com outro professor da Borders. O parceiro ensina português aos refugiados com interesse em entrar no Brasil, como sírios e afegãos.

Voluntários brasileiros atuam em desastre na Turquia

Flávia monta marmitas para pessoas afetadas pelo terremoto. Imagem: Arquivo pessoal/Reprodução

Vale explicar que a dupla estava bem longe dos terremotos e não foi diretamente afetada. Istambul, onde vivem, fica a cerca de 14 horas de carro da cidade atingida. 

Eles passaram aproximadamente duas semanas atuando na linha de frente em Gaziantep, mas tiveram que voltar a Istambul para regularizar o visto, pois já estão no país há um ano. Loiola diz que os trabalhos na cidade afetada ainda não acabaram e que há outros membros do time trabalhando por lá.

Ela também tem planos de voltar. “Agora já abriram voos para uma cidade próxima, então fica mais fácil, cerca de uma hora e pouquinho de viagem de avião”, explica a voluntária. 

As aulas da própria Borders of Love também foram interrompidas, mas devem ser reestabelecidas até o final deste mês. Felizmente, há voluntários o suficiente para atuar nos cursos e ainda ajudar a cidade afetada.

De toda forma, Flávia pretende fazer os dois. A voluntária quer organizar seus horários para passar parte da semana dando aulas de inglês e usar o resto dos dias para auxiliar os afetados pelo terremoto.

Você pode conhecer mais da ONG Borders of Love e apoiá-la através desse link.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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