Conhece a perovskita? Entenda porque este mineral russo está na moda

Novos painéis feitos do material podem democratizar a energia solar por ter custo mais baixo que as células tradicionais de silício
Imagem: Unsplash/Reprodução

Este é um assunto que envolve tecnologia e preservação da natureza.

Há muito tempo, os painéis solares feitos de silício fazem parte da estratégia global de frear as emissões de carbono na atmosfera e, por consequência, as temidas mudanças climáticas.

Por mais que os custos desses painéis tenham diminuído ao longo dos anos, cientistas ainda não conseguiram melhorar a eficiência dessas importantes fontes de energia renovável.

Mas e se pudéssemos construir painéis solares usando materiais de fácil produção e que apresentassem uma maior eficiência?

É aí que entra a perovskita, um mineral de óxido de cálcio e titânio, que tem a fórmula química CaTiO3.

Futuro da energia solar

Descoberto nos Montes Urais, na Rússia, em 1839, o mineral recebeu o sobrenome do seu descobridor, o mineralogista Lev Perovski.

Dependendo da disposição dos átomos e moléculas em sua estrutura, os cristais de perovskitas ganham propriedades interessantes, como a “magnetorresistência colossal”, por exemplo, que aumenta a resistência elétrica do material sob um campo magnético, sendo algo muito útil na área da microeletrônica.

Existem muitas variedades de perovskitas, mas a que mais interessa para a energia solar são os cristais que são conectados a átomos de chumbo e estanho. Eles reagem a uma gama mais ampla de frequências de luz visível, o que se traduz em maior geração de energia.

O material tem chamado a atenção por gerar mais eletricidade solar do que qualquer outro mineral, com a vantagem de ter um custo mais baixo do que as células solares tradicionais de silício.

Pesquisas apontaram que as células solares de perovskitas alcançam eficiência de mais de 25%, enquanto que o silício converte apenas 20% de energia solar recebida em eletricidade.

Vantagens da perovskita

  • Diferentemente dos cristais de silício, os de perovskita são mais fáceis de ser produzidos.
  • Enquanto que o silício precisa de temperaturas extremamente altas – leia-se muita emissão de carbono – para atingir um certo grau de pureza, a produção de perovskita envolve apenas a mistura de produtos químicos. É claro, o processo é mais complicado do que o descrito aqui, mas, ainda assim, o mineral russo tem potencial de ser mais barato do que o silício.
  • A perovskita também acumula as vantagens de ser um material flexível, semitransparente, fino e leve. A produção de painéis também requer 20 vezes menos material do que as células de silício.
  • Especialistas estimam que o mercado de células fotovoltaicas de perovskita movimentará 214 milhões de dólares em 2025.

Desvantagens do mineral russo

  • Por mais que a perovskita seja prometida como o futuro da energia solar, ela também apresenta alguns obstáculos importantes.
  • A primeira delas é que o mineral se quebra quando é exposto à umidade, luz, calor e oxigênio. Isso significa que ainda é preciso desenvolver tecnologias adicionais para estabilizar as células de perovskita e tornar os painéis mais resistentes.
  • Além disso, os cristais que geram mais energia contêm chumbo, um material altamente tóxico e que pode gerar danos cerebrais permanentes em pessoas, além de contaminar o meio ambiente. Por isso, o uso generalizado ainda requer maneiras de reduzir essa toxicidade.
  • Alguns avanços já foram feitos para reduzir essas desvantagens da perovskita, mas o mineral ainda não está totalmente pronto para substituir completamente os painéis solares de silício. De qualquer forma, engenheiros seguem tentando resolver o problema da crescente demanda por energia em todo o planeta.

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Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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