Quantas pessoas você imagina em uma colônia de seres humanos em outro planeta? Um estudo recente sugere que o número pode ser menor do que a ficção sugere. A pesquisa aponta que seriam necessários cerca de 22 astronautas para construir e manter uma colônia em Marte.
Parece pouco, mas os pesquisadores acreditam que seria suficiente para sustentar um habitat no planeta vermelho, diferente da visão que se tinha até então. Anteriormente, estimava-se que seriam necessárias pelo menos 100 pessoas para isso. As informações são do site National World.
É claro que viver em Marte ainda é algo distante da nossa realidade, mas é possível fazer algumas previsões. Cientistas da Universidade George Mason (EUA) publicaram uma análise preliminar, que ainda não foi revisada por pares, no arXiv, site de preprints de artigos científicos. A equipe analisou estudos anteriores que diziam que entre 100 e 500 pessoas poderiam ser necessárias para formar uma colônia autossustentável em Marte.
Eles também levaram em conta o comportamento social e psicológico humano, bem como a continuidade das interações entre as pessoas, para fazer uma nova estimativa.
Ao longo de 28 anos, a equipe executou cinco modelos diferentes de uma simulação no computador, que analisa diferentes cenários de colônias, com população variando de 10 a 170 pessoas.
Esse método é chamado de modelagem de sistemas baseada em agentes. Os astronautas da simulação tinham características e perfis variados, com diferenças no metabolismo, em suas habilidades, resiliência e nível de estresse, por exemplo. Em seguida, eles foram colocados em ação, tomando conta das várias responsabilidades que implicaria manter uma colônia em Marte.
Os colonos desse sistema podiam dormir, interagir uns com os outros e produzir ou consumir recursos, além de ter problemas de saúde, morrer e ser removidos da simulação, caso não tivessem recursos suficientes. A investigação aponta que pouco menos de duas dúzias de pessoas, pelo menos 22, seriam suficientes para construir e sustentar uma colônia espacial no planeta.
“Queríamos mostrar que, se negligenciarmos os aspectos sociais, comportamentais e psicológicos das explorações espaciais, podemos errar grosseiramente em nossas estimativas, previsões e projeções”, disse ao site The Register Anamaria Berea, professora de ciências computacionais e de dados da George Mason University, coautora do estudo.
A natureza inóspita do planeta vermelho também deve ser levada em consideração. Essas condições exigem que qualquer habitat construído lá seja em grande parte autossustentável, dizem os cientistas.
Além da mineração de alguns minerais básicos e da água, os futuros colonos de Marte dependerão do reabastecimento da Terra, bem como da reposição de recursos por meio de tecnologia avançada, como a divisão da água marciana em oxigênio para respiração e hidrogênio para combustível.