Coruja moída e vesícula de lebre: veja remédios usados na Idade Média
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, encontraram remédios no mínimo inesperados usados para curar doenças nos séculos 14 e 15, no final da Idade Média. Também há registros do início do milênio passado, por volta dos anos 1020.
Os manuscritos, que reúnem mais de 8 mil receitas e estão sendo digitalizados, chamam a atenção pelos métodos de curar doenças –às vezes até agressivos. O tratamento para gota, por exemplo, envolvia assar uma coruja salgada e, depois de pronta, moer o cozido até virar pó e esfregar no corpo.
Outra “solução” para gota era encher um filhote de cachorro com caracóis, lesmas e sálvia. Depois, assá-lo no fogo e usar a gordura para fazer uma pomada.
Quem sofria de catarata era orientado a pegar uma lebre, tirar sua vesícula biliar e misturá-la com mel. Depois, era só pegar uma pena e passar essa “mistura” nos olhos.
Um ponto interessante é que a maioria das receitas tratavam de doenças com as quais ainda lutamos hoje, como dores no corpo, de cabeça, de dente, além de diarreia e tosse, por exemplo.
E, apesar de soarem bizarros, os remédios registrados na Idade Média têm uma grande importância histórica, disse o pesquisador à frente do projeto, James Freeman, ao site Sky News. “Eles mostram pessoas medievais tentando administrar sua saúde com o conhecimento que lhes era disponível na época”, afirmou.
Retrato de uma Era
Os manuscritos também são um sinal da precariedade desse período, quando antibióticos e antissépticos ainda não haviam sido descobertos. Para curar problemas, os médicos da época usavam uma série de ingredientes aleatórios. “Era uma confusão desconcertante de animais, vegetais e minerais”, disse Freeman.
A violência também está muito presente nas receitas. Elas ensinam como descobrir se o crânio está fraturado após um ferimento com arma, se há ossos quebrados e como parar sangramentos.
Os textos integram o projeto “Curious Cures” (ou Curas Curiosas, na tradução literal). Eles vêm da reunião de diversos materiais históricos mantidos pela Biblioteca da Universidade de Cambridge e o Museu Fitzwilliam.
As primeiras transcrições dos remédios e imagens dos registros irão para a Biblioteca Digital de Cambridge e podem ser acessadas gratuitamente. Os catalogadores devem continuar o processo de digitalização das mais de 8 mil peças até 2024.