Ciência

Covid-19 pode diminuir 3 pontos do QI dos infectados, diz estudo

Estudo mostra que sintomas de névoa cerebral são resultado do declínio cognitivo causado pela ação do vírus da Covid-19 no cérebro
Imagem: Alina Grubnyak/ Unsplash/ Reprodução

Lentidão de raciocínio, falta de clareza em alguns pensamentos, dificuldade de concentração e falhas de memória. Esses são alguns dos sintomas que compõem a chamada névoa cerebral, consequência comum da Covid-19, que causou até perda de QI.

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Cientistas buscam compreender qual a ação do SARS-CoV-2 no cérebro há cerca de quatro anos. Embora os danos causados pelo vírus ainda não estejam completamente explicados, muitos estudos sobre o tema avançaram o conhecimento na área.

Perda de QI

Agora, duas novas pesquisas publicadas na revista New England Journal of Medicine mensuram a maneira como a Covid-19 afeta o sistema cognitivo e causa a névoa cerebral. De acordo com um dos estudos, mesmo a manifestação leve da doença diminui três pontos do QI dos infectados, em média.

Entre aqueles com sintomas persistentes, como a falta de ar ou fadiga mesmo após o final da infecção, o declínio cognitivo equivale a cerca de seis pontos no QI. Já aqueles que foram internados pela doença tiveram uma perda de nove pontos no QI. 

Além disso, o estudo evidenciou que reinfeção pelo vírus contribuiu com uma perda adicional de dois pontos no QI. Eles notaram que o declínio cognitivo era comum tanto entre aquelas pessoas que contraíram a cepa original do vírus, quanto entre as que foram infectadas pelas variantes delta e ômicron.

A outra pesquisa documentou uma piora de vários pontos na memória das pessoas em até 36 meses após eles testarem positivo para SARS-CoV-2.

Covid-19 e o cérebro

Estudos anteriores já evidenciaram os danos do SARS-CoV-2 ao cérebro para além da névoa cerebral. Uma pesquisa mostrou que, mesmo quando o vírus se manifesta de maneira leve e exclusivamente nos pulmões, ele ainda pode provocar inflamação no cérebro. 

Com isso, prejudica também a capacidade das células cerebrais de se regenerarem. Ainda, essa inflamação pode causar alterações equivalentes ao envelhecimento de sete anos do cérebro.

Entre as análises de cérebros de pessoas que faleceram por outras razões, mas haviam contraído a Covid-19 em algum momento, cientistas descobriram que o vírus ainda estava presente no tecido cerebral meses após a infecção.

Estudos de imagem mostram encolhimento do volume cerebral e alterações na estrutura do órgão após a infecção. Outros experimentos também demonstraram que a infecção pelo SARS-CoV-2 desencadeia a fusão das células cerebrais. Isso efetivamente interrompe a atividade elétrica do cérebro e compromete a função.

Além disso, um estudo que reuniu dados de quase um milhão de pessoas com Covid-19 mostrou que a doença aumentou o risco de desenvolvimento de demência em pessoas com mais de 60 anos de idade.

Impacto à saúde e gestão pública

Embora a ciência ainda explore a relação do coronavírus com o sistema cognitivo das pessoas, as evidências já existentes mostram que a Covid-19 representa um sério risco para a saúde cerebral

Por exemplo, o QI médio geralmente é de cerca de 100 pontos. Quando abaixo de 70 pontos, a medida indica um nível de deficiência intelectual que pode requerer apoio profissional e da sociedade. 

Por isso, analisando os dados obtidos nos estudos recentes, pesquisadores sugerem que a Covid-19 poderia aumentar em 2,8 milhões de pessoas o número de adultos com um nível de comprometimento cognitivo nos EUA.

Além da névoa cerebral, a COVID-19 pode levar a uma série de problemas, incluindo dores de cabeça, distúrbios convulsivos, derrames, problemas de sono e formigamento e paralisia dos nervos, bem como vários distúrbios de saúde mental.

Isso, por sua vez, pode demandar mais os sistemas de saúde, além de comprometer o desempenho das atividades econômicas da população mundial.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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