Ciência

O que acontece com o cérebro durante a menopausa? A ciência explica

Tema ainda pouco explorado, cientistas buscam compreender o que acontece no cérebro durante a transição hormonal que marca a menopausa
Imagem: Andrea Piacquadio/ Pexels/ Reprodução

De acordo com a pesquisadora da Universidade da Califórnia, Emily Jacobs, cerca de 70% das mulheres têm sintomas neurológicos durante o processo da menopausa. Embora esse momento seja mais conhecido pelo que acontece com os ovários, a cientista Lisa Moscone defende que seja considerado também um estado de transição neurológica, além da transição reprodutiva.

Agora, ela entende que sintomas como ondas de calor, esquecimento, mudanças de humor e insônia são todos sintomas também relacionados ao cérebro. Então, Mosconi passou a estudar o tema.

O que se sabe do cérebro na menopausa

De acordo com Mosconi, os poucos estudos existentes sobre o tema se concentram nas mudanças no cérebro depois que as mulheres já passaram pela menopausa. Mas a cientista queria saber o que ocorre durante esse processo, quando a produção dos hormônios estrogênio e progesterona diminui.

Em geral, nesse momento os neurônios que fazem parte do processo de ovulação não são mais necessários. Dessa forma, o cérebro sofre mudanças que trazem alguns desconfortos.

Segundo um estudo de Mosconi feito comparando imagens cerebrais, há uma diferença na atividade do cérebro das mulheres em cada etapa da menopausa – antes, durante e depois. 

A pesquisa revelou alterações na estrutura cerebral, na forma como diferentes partes do cérebro se comunicam e no metabolismo energético. Por exemplo, há uma diminuição no volume da massa cinzenta no precuneus, uma parte do cérebro envolvida na memória.

Ao mesmo tempo, o órgão tenta compensar e, por isso, há o aumento do fluxo sanguíneo e da produção de energia. Contudo, essas mudanças geralmente são temporárias.

Menopausa e Alzheimer

Um dos sintomas relatados por mulheres durante a menopausa é a “névoa cerebral”, que causa algumas falhas cognitivas, como o esquecimento. Embora as alterações hormonais possam explicar o motivo, uma pesquisa recente também encontrou uma relação entre as ondas de calor que o momento causa.

De acordo com o estudo, quanto mais ondas de calor as mulheres têm, pior é sua memória. Contudo, quando a quentura é tratada, o desempenho da memória melhora. 

Além disso, após analisar o sangue dos participantes de um estudo, cientistas encontraram biomarcadores da doença de Alzheimer. Embora isso não comprove uma ligação conclusiva, é uma pista inicial para compreender o possível motivo de mulheres após a menopausa representarem 70% das pessoas com a doença.

Próximos passos

Agora, a Moscone pretende continuar na busca por mais informações sobre a conexão cérebro e menopausa. “Muitas vezes, essas são mudanças transitórias, mas isso não tira o fato de que podem ser assustadoras. Podemos armar as mulheres com essas informações”, conclui Jacobs.

As mulheres estão exigindo saber mais sobre o que esperar, e os profissionais de saúde querem orientação aprimorada para seus pacientes. Isso reflete uma norma desanimadora: pesquisas sugerem que de 60% a 86% das mulheres buscam atendimento médico para seus sintomas de menopausa, mas muitas se sentem incompreendidas e desapontadas após suas consultas. 

Um maior entendimento da conexão entre cérebro e menopausa pode ajudar as pessoas a navegar por este período de uma forma que promova a saúde cerebral e o bem-estar. Eis o que sabemos até agora – e por que há mais trabalho a ser feito.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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