Cowboy Bebop da Netflix tem muito estilo com ritmo diferente

A adaptação do live-action é fiel à obra original? Aqui estão nossas impressões iniciais da primeira temporada, que estreia para o público na próxima sexta-feira (19)
Cowboy Bebop
Imagem: Netflix

O novo live-action de Cowboy Bebop — anime de Shinichiro Watanabe –, que estreia na Netflix no próximo dia 19, se propõe a remixar o clássico dos anos 1990 com uma história que tenha o eco (e os riffs) da série original. A reverência do novo show por seu antecessor é notória, e a paixão do elenco por seus papéis é inegável. Mas, em sua primeira temporada, Cowboy Bebop tropeça e se esforça um pouco para encontrar seu próprio ritmo.

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A adaptação condensa uma série de momentos cruciais do anime em 10 episódios — elegantes, estilosos e que giram em torno do trio de caçadores de recompensas que vive a bordo da nave que dá nome ao título. Embora a vida tenha começado de maneira muito diferente para caçador de recompensas Spike Spiegel (John Cho), o ex-policial Jet Black (Mustafa Shakir) e a vigarista Faye Valentine (Daniella Pineda), reviravoltas do destino os reúnem num futuro próximo mas distante, onde a colonização do espaço mudou drasticamente a sociedade em vários aspectos.

Sendo o espaço tão terrivelmente grande quanto é, caçadores como Spike, Jet e Faye são capazes de ganhar a vida prendendo criminosos mortais que a policia galática não consegue alcançar. Depois de centrar a tensão e o atrito entre seus protagonistas, Cowboy Bebop muda para exploração de seus respectivos passados, ​​com arcos narrativos retirados do anime.

Cowboy Bebop

Imagem: Netflix

A indiferença com que Cho’s Spike conduz a vida no presente contraria sua história pessoal — da qual ele foge ao longo da série. Para os recém-chegados, Spike pode ser tão frio quanto tenta ser com Jet, que traz uma espécie de equilíbrio para a equipe. Ele pode ver Spike através das paredes que seu parceiro de longa data coloca para manter as pessoas afastadas. A camaradagem de Spike e Jet não entra em foco até que a dupla conhece Faye — que não tem nenhuma memória de sua vida, exceto dos últimos dois anos.

Embora Cowboy Bebop tenha uma narrativa abrangente, os personagens se aventuram repetidamente para fazer suas próprias histórias ao longo da temporada, a fim de dar à história uma oportunidade de mudar seu foco e tom.

Os elementos noir do show ganham destaque especial quando a câmera é direcionada para Julia (Elena Satine), uma mulher que partiu o coração de Spike ao se envolver com Vicious (Alex Hassell), chefe da organização criminosa Dragão Vermelho. A história de Julia e Vicious acaba rendendo mais e se destaca como um exemplo de adaptação aprimorada do original.

Como o anime, a série da Netflix usa uma gama de diferentes gêneros cinematográficos e narrativos, desde noirs exagerados a westerns pastelões. Como o show oscila entre formatos de forma tão acentuada, e repetidas vezes no mesmo episódio, dá a sensação de que está sempre ligeiramente fora de sincronia com seu próprio enredo e com a trilha sonora suntuosa de Yoko Kanno.

Mais do que uma simples questão de ritmo, Cowboy Bebop às vezes parece que perdeu o controle de sua própria métrica. Isso acontece de uma maneira que não parece ser fruto de escolhas estilísticas intencionais. Momentos de silêncio destinados a cortar eventuais ruídos são confundidos por olhares que demoram muito e pausas que parecem atrasadas, seja entre Spike e Jet ou Spike e Faye.

A construção interplanetária de mundos é um de seus pontos mais fortes, e a série mostra uma série de locais que falam sobre como as pessoas e culturas da galáxia se transformaram como resultado da viagem facilitada entre um planeta e outro. Os pontos altos de Cowboy Bebop — como seu figurino e cenografia — vão chamar sua atenção, mas eles se destacam de maneiras que alguns detalhes precisam de mais ajustes. Enquanto as sequências espaciais injetam uma vibração e ação importantes ao show, todas as tomadas internas de naves parecem espaços estáticos, que não lembram os interiores de naves metálicas gigantes navegando pelo vazio.

Cowboy Bebop

Imagem: Netflix

A melhor maneira de pensar nesse Cowboy Bebop são números de dança coreografados com firmeza, mas executados de maneira mediana. Há uma poesia e uma história neles, que refletem a mentalidade de seus participantes, mas essa arte é cortada na raiz por uma combinação de edição excessiva e uma energia geral que parece meio abaixo de onde “Cowboy Bebop” precisa estar. O descompasso diminui sempre que a série se acomoda um pouco e realmente começa a se concentrar no que está motivando um personagem em particular. Todos eles estão escondendo segredos uns dos outros. Porém, leva um tempo até que o show realmente se torne confortável na tarefa de explorar os personagens.

Apesar de ser meio desgrenhado, Cowboy Bebop da Netflix consegue se encontrar em algum lugar em torno dos três episódios finais desta primeira temporada, e o final deixa seus atores em lugares muito diferentes emocionalmente, que configuram o potencial para temporadas mais promissoras no futuro. Uma viagem turbulenta como Cowboy Bebop é uma diversão que compensa mais do que você espera — se você estiver disposto a aguentar até o fim.

A produção também é estrelada por Tamara Tunie, Mason Alexander Park, Ira Munn, Lucy Currey, Geoff Stults, Rachel House, Ann Truong e Hoa Xuande. A produção executiva fica na conta de Yasuo Miyakawa, Masayuki Ozaki, Shin Sasaki, Marty Adelstein, Josh Appelbaum, Scott Rosenberg e Michael Katleman. O time de escritores inclui Hajime Yatate, Christopher L. Yost, Karl Taro Greenfeld, Javier Grillo-Marxuach, Alexandra E Hartman, Jennifer Johnson, Vivian Lee, Liz Sagal e Keiko Nobumoto.

Cowboy Bebop chega à Netflix em 19 de novembro.

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