CSI: Cyber é uma série tecnológica incoerente e paranoica
CSI: Cyber não é um bom programa de televisão. É banal e paranóico. Mas vamos lá, isso não é surpresa para ninguém. Este é o tipo de série que usa hackers no estilo web 1.0 e gráficos pixelizados para representar o mundo digital. Aqui está outra coisa que você deve saber: ela é muito ruim, mas provavelmente vai fazer sucesso com quem não entende nada de tecnologia.
O primeiro episódio é, basicamente, um louvor a maneiras criativas de prender bandidinhos usando a internet.
Sério, é um negócio muito desajeitado. Demora menos de um minuto para uma senhora começar a gritar “Eles levaram meu bebê!”. Logo depois, há um caso de leilão online de bebês (!) e as pessoas estão roubando bebês por meio da invasão dos monitores natais. É tudo incrivelmente complicado, histérico, e gloriosamente irrealista, mas fica ainda pior quando você conhece a super-equipe de ciber-investigadores que estão no caso.
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Os personagens são um amálgama feito para não desagradar executivos de TV de estereótipos envelhecidos e nada humanos — a chefona, o cara durão recentemente aposentado, o colega sabichão e bonitinho. A narrativa parece ter sido escrita por alguém que digitalizou um artigo da Wired de 2011 e, em seguida, preencheu um roteiro genérico de CSI, só que encaixando alguns pesadelos cibernético-criminais.
Nós conhecemos a equipe, que inclui A Vencedora Do Oscar™ Patricia Arquette como a acima mencionada lady chefona Agente Especial Avery Ryan, com uma vingança pessoal contra hackers (eles roubaram seus segredos “no início da internet”, palavras dela, não minhas). Ela dá instruções supercomplexas à sua equipe como “Encontre os computadores. Entre neles. ”
Tem também James Ah Dawn Wahnt, Ur Lahf Van Der Beek como um gamer chamado… agente Elijah Mundo (um nome muito real que você encontra por aí aos montes) e Shad Moss, o artista anteriormente conhecido como Lil ‘Bow Wow, como um hacker ex-presidiário que foi forçado a fazer as pazes com a lei, e também forçado a usar roupa social, aparentemente. Sabemos que ele é um hacker malandro porque ele usa o poder do rap para adivinhar uma senha de 20 caracteres na primeira tentativa. Há também “o melhor hacker bonzinho do mundo“, que é uma caricatura de nerd (interpretado por Charley Koontz). Sabemos que ele é bom em computadores, porque ele resolve coisas como “O que há de errado com seu código-fonte?” de primeira. Peter MacNicol também está lá, e ele odeiaaaaaaaaa o cibercrime.
Mas sabe o que é pior? Sabe quando Ice-T aparece em Law and Order: SVU e só fala o óbvio? Cada personagem nesta série é um Ice-T.
É uma série sobre tecnologia feita para tiozões que ainda acham que a Internet™ vem em CDs da AOL. Um diálogo real: “Tem um cara ruim lá fora, que encontrou o ponto fraco em seu código-fonte e montou sua própria rede de lojas online para vender bebês.”
Eles basicamente jogam conceitos como trojans de acesso remoto e esperam que quem está assistindo fique satisfeito com as ideias de cibercrime que o termo evoca, mas sem tomar o cuidado de que a trama supostamente tecnológica faça sentido ou que a tecnologia usada pareça real.
Assim como fast food não é de jeito nenhum uma boa comida e faz mal para você e, provavelmente, para todo mundo por um monte de motivos, CSI: Cyber é uma coisa sem graça, estereotipada, cuspida pelas grandes corporações, uma porcaria que não deixa de ser extremamente reconfortante e divertida para matar umas horinhas numa sala de espera ou no seu fim de noite. Se você gosta de dramas de investigação cheios de quebra-cabeças que não fazem sentido, não vai arrancar pedaço dar uma olhadinha