Uma nova estimativa sugere que serão necessários algo entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões para limpar a bagunça causada pelo colapso da icônica antena do Observatório de Arecibo no final do ano passado, de acordo com um relatório da National Science Foundation (NSF) detalhando as consequências do desastre e possíveis próximos passos.
A investigação sobre a causa do colapso do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, ainda está em andamento, mas a National Science Foundation, por meio da Lei de Apropriações Consolidadas de 2021, foi solicitada a fornecer um relatório ao Congresso dos EUA descrevendo as “causas e extensão dos danos, o plano para remover entulhos de uma forma segura e ambientalmente correta, a preservação das instalações associadas [do Observatório de Arecibo] e áreas circundantes, e o processo para determinar se deve estabelecer tecnologia comparável no local, juntamente com quaisquer estimativas de custo relacionados”.
A NSF teve apenas 60 dias para produzir o relatório depois a promulgação da lei, o que pode explicar por que ele é tão escasso em detalhes. O documento tem apenas sete páginas e está repleto de informações que já conhecíamos. Dito isso, a NSF forneceu alguns detalhes novos, como a estimativa de custos de limpeza, uma visão geral dos danos causados à instalação e uma atualização sobre a limpeza, entre outros assuntos.
Para recapitular, um cabo auxiliar de uma torre de suporte se soltou de seu soquete em 10 de agosto de 2020, resultando em grandes danos aos painéis refletores abaixo. Um cabo principal na mesma torre se partiu vários meses depois, resultando em ainda mais danos à antena, que vinha sendo usada para radar e radioastronomia desde 1963. A segunda falha do cabo foi especialmente preocupante, pois “este cabo quebrou em condições que deveriam estar dentro de suas capacidades de suporte, indicando que ele, junto com os cabos principais restantes, poderia estar mais fraco do que o esperado”, de acordo com o novo relatório.
As empresas de engenharia contratadas para avaliar a estrutura disseram que uma falha subsequente do cabo seria catastrófica, resultando na decisão de desativar o prato de 305 metros. Enquanto os planos estavam sendo feitos para demolir o célebre radiotelescópio, a plataforma de 900 toneladas cedeu, desabando em 1º de dezembro de 2020.
As inspeções feitas após o colapso mostraram que a plataforma e a cúpula gregoriana tiveram “perda total para fins científicos”, de acordo com o relatório. As torres de suporte de 18 metros da plataforma 12 e 4 quebraram durante o colapso e a torre de suporte de 37 metros da plataforma 8 também se soltou. Como afirma o documento, “as avaliações adicionais da integridade estrutural das torres continuam”.
O telhado do Centro de Aprendizagem sofreu danos significativos, mas a NSF disse que ele pode ser reparado. Um trailer usado pela equipe educacional e de divulgação pública foi completamente “demolido”, enquanto o Centro de Visitantes saiu ileso, exceto por alguns danos menores causados pela queda de pedaços de concreto, disse o novo relatório.
Uma empresa privada que foi contratada e especialistas do Kennedy Space Center da Nasa estão atualmente conduzindo uma análise forense para determinar a causa da falha do soquete do cabo auxiliar original. Um outro contratante separado está realizando a investigação forense em Arecibo, e a expectativa é que sejam gerados relatórios finais de ambos os contratantes em dezembro de 2021. Além desses esforços, a NSF pediu que um “estudo independente acelerado” sobre a causa das falhas dos cabos seja concluído pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina.
Uma empresa especializada em limpeza de desastres e remediação ambiental foi contratada para ajudar. Solos contaminados com óleos hidráulicos, que foram liberados durante o colapso, estão sendo amostrados e removidos. A equipe de limpeza também está testando as águas subterrâneas e superficiais próximas às instalações. Um “Plano de Prevenção da Poluição de Águas Pluviais” está em andamento para “evitar que sedimentos e poluentes migrem para fora do local”, assim como levantamentos de fauna e vegetação para ajudar na proteção de espécies vulneráveis, de acordo com o relatório.
O documento lista as estimativas preliminares de custos para a limpeza entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões a partir de agora até o final de 2022.
A NSF está trabalhando com o Escritório de Preservação Histórica do Estado de Porto Rico e o Conselho Consultivo Federal sobre Preservação Histórica na “proteção e preservação de elementos historicamente importantes das estruturas e do local”. Objetos valiosos ou relevantes encontrados durante o processo de limpeza podem ser exibidos no observatório ou enviados a museus.
O futuro da instalação permanece incerto. A NSF diz que ainda é muito cedo para saber como ela pode ser reparada ou reconstruída para permitir diferentes tipos de esforços científicos, acrescentando que a restauração “exigirá diferentes níveis de esforço e financiamento”. Os autores disseram que “muitas tecnologias e mais de uma dezena de recursos distintos” ainda estão em vigor no local, incluindo um radiotelescópio menor de 12 metros e uma instalação LIDAR usada para estudar a composição e o movimento da ionosfera.
Quanto a reparar ou reinventar o prato grande, a NSF disse que seu “processo para estabelecer qualquer nova instalação científica significativa depende de prioridades estabelecidas pela comunidade científica e de uma revisão rigorosa por pares do mérito intelectual e dos impactos mais amplos da atividade proposta.”
Um workshop comunitário planejado para abril deve fornecer mais informações sobre o Observatório de Arecibo e seu futuro.
Não está fora de questão reconstruir uma antena parabólica nas instalações. Uma proposta para um “Telescópio Arecibo de última geração” de US$ 450 milhões foi apresentada pelo observatório no mês passado. Os dias têm sido sombrios em Arecibo, mas talvez haja motivos para otimismo.