Da seca ao dilúvio devastador: entenda a crise climática da Bahia

Chuvas volumosas levaram o estado a registrar uma dúzia de mortes, além de milhares de pessoas afetadas direta ou indiretamente pelas tempestades.
Chuva na Bahia

A chuva não vai dar trégua. Os estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, marcados por chuva intensa no último final de semana, se preparam para mais água.

Nesta semana, para se ter uma noção, só no município de Itamaraju, no sul da Bahia, foram registrados 500 mm de chuva em quatro dias –mais que o dobro da média normal na região para essa época do ano.

De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia (Sudec), 12 pessoas morreram em decorrência do fenômeno até agora.

Além disso, mais de 220 mil habitantes foram afetados pela chuva direta ou indiretamente, seja por problemas causados nas redes de abastecimento d’água ou mesmo pelo desalojamento.

As chuvas não devem parar tão já. São esperadas precipitações volumosas na semana do Natal, que devem persistir até o início de 2022.

Isso acontece numa região do Brasil conhecida pelo forte clima seco na maior parte do ano. Por exemplo: segundo dados divulgados em abril pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a Bahia registrou aumento da área com seca de 83,2% para 100% de seu território entre fevereiro e março deste ano.

O que causou a chuva descontrolada

Esse dilúvio está sendo causado por fenômenos climáticos já conhecidos, que parecem estar mais intensos agora. As mudanças climáticas podem ser um dos motivos para esses níveis de chuva fora do comum.

Durante o verão, é comum que se forme uma faixa de nebulosidade conhecida como Zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS), responsável por deixar o clima úmido e  intensificar o nível de chuvas. A ZCAS costuma cobrir o Centro-sul e a região sudeste do Brasil, mas este ano ficou entre Minas Gerais e Bahia.

Junto a isso, formou-se uma área de baixa pressão no Oceano Atlântico. Essas áreas de baixa pressão acabam movimentando o ar para o centro, criando concentrações de umidade e calor. Quando combinados, esses dois fatores facilitam a formação das nuvens de chuva. 

Essa área de baixa pressão acabou ganhando força entre os dias 9 e 10 de dezembro, levando à formação da tempestade subtropical Ubá. Porém, essa tempestade se estruturou afastada do continente e não teve influência sobre os eventos observados no Brasil.

Estrutura hídrica

Vale citar ainda a permeabilidade do solo, ou melhor, a falta dela. Com a construção de cidades, é comum que o substrato seja coberto por concreto e asfalto, o que dificulta o escoamento das chuvas.

As cidades são planejadas para tolerar chuvas e tempestades. Porém, os níveis atuais de precipitação, influenciados pelas mudanças climáticas, estão indo além do suportável. Seria necessária uma grande reestruturação para evitar desastres futuros.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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