Lontras são as aliadas mais fofas no combate às mudanças climáticas

Esses mamíferos controlam a população de ouriços do mar, responsável por destruir florestas de algas na Califórnia. Entenda essa ciranda
Lontras podem ser aliadas na luta contra mudanças climáticas
Imagem: Lilian Dibbern, Unsplash/Reprodução

As florestas de algas marinhas da Califórnia, nos Estados Unidos, são extremamente importantes no combate às mudanças climáticas. Suas plantas, que podem alcançar até 30 metros de comprimento, retêm dióxido de carbono durante o processo de fotossíntese, diminuindo os níveis do poluente no ambiente.

Mas essas florestas vêm sendo ameaçadas por ouriços do mar, que fazem a festa no ambiente em busca de comida. Antes, esses seres eram menos destemidos, e ficavam entre as fendas de rocha esperando que chegassem detritos para que eles pudessem comer.

Eles ficaram mais corajosos de uns tempos para cá e começaram a varar floresta adentro, à medida em que seu predador natural deixou de aparecer. 

Eis que surgem as lontras

O predador em questão é a lontra, esse animal fofo que viu sua população diminuir devido à caça de humanos que buscam por sua pele. Nos últimos anos, a Costa Oeste da Califórnia observou um aumento de 10.000% no número de ouriços, e o estado americano perdeu 95% de suas florestas de algas.

As lontras protegem ainda o Elkhorn Slough, um grande pântano subaquático na Baía de Monterey, na Califórnia, que também conta com plantas que sequestram carbono. Esses mamíferos comem caranguejos, que por sua vez comem lesmas do mar, que se alimentam de algas que crescem sobre outras plantas marinhas.

Ou seja, sem os caranguejos, há mais lesmas, e com mais lesmas, maior a quantidade de luz solar que chega até a vegetação, permitindo que ela se expanda ainda mais. 

O impacto das lontras é realmente alto. Esses mamíferos comem um quarto de seu peso corporal por dia, já que precisam de muita energia para se manter aquecidos e saudáveis.

Incentivo à reprodução

Pensando nisso, o Aquário da Baía de Monterey tem se esforçado desde 2002 para reintroduzir o animal no ambiente. 

Eles desenvolveram um programa de adoção entre mães lontras criadas em cativeiro e filhotes órfãos que perderam seus pais, muitas vezes para ataques de tubarão. Essas mães ensinam os pequenos a se limpar, flutuar de costas, usar pedras para quebrar ouriços, entre outras necessidades. Quando estão prontos, os adotados são liberados nos habitats costeiros da Califórnia. Todos os animais são marcados e monitorados.

De acordo com a equipe, foram soltas 37 lontras entre 2002 e 2016, e todas se adaptaram muito bem à nova vida. Os animais passaram a se reproduzir e, desde que o programa começou, o número de lontras marinhas na costa da Califórnia aumentou para 3.000.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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