Deputados votam a favor de cota em cinemas para filmes brasileiros
A Câmara dos Deputados aprovou na última terça-feira (3) a prorrogação da cota de exibição de filmes nacionais em cinemas de todo o Brasil até o ano de 2033. Agora, a proposta segue para análise no Senado, antes da sanção presidencial.
A deputada relatora Jandira Feghali (PCdoB-RJ) adicionou o texto dela ao PL (Projeto de Lei) nº 5497/19, do deputado Marcelo Calero (PSD-RJ). Foram 312 votos favoráveis e 25 contrários, com oito abstenções. Já a redação final do projeto de lei teve 301 votos a favor, 15 contrários e duas abstenções.
De acordo com a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), a proposta é justa com a produção nacional. “É inacreditável que nós sejamos impedidos de ir ao cinema, porque o cinema brasileiro ficou pelo menos 20 dias passando só Barbie e Os Vingadores. Ninguém pode escolher um filme para assistir, porque não há produtor brasileiro que possa concorrer com um lançamento internacional”, afirmou Mata.
Já o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), foi contrário à proposta. “Já houve cotas nos cinemas, e o aumento de exibição foi irrisório. Em contrapartida, os prejuízos arcados pelas empresas que exploram o ramo cinematográfico foram enormes”, disse Hattem.
Regulamento anual
O Poder Executivo, através de decreto, definirá anualmente o número mínimo de sessões e a variedade de títulos da cota. Contudo, em caso de atraso, o que passa valer é a aplicação das regras do ano anterior — até a edição do novo decreto.
Os decretos anuais serão feitos após consultas com agentes do setor cinematográfico brasileiro, como os distribuidores e exibidores. Além disso, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) também será consultada.
A agência também ficará responsável por fazer relatórios do impacto e avaliações da cota de exibição.
Filmes premiados e estreias no streaming
Os filmes nacionais premiados em festivais do Brasil e do exterior, por exemplo, devem ter tratamento diferenciado no regulamento anual.
O PL traz como novidade que as produções e telefilmes exibidos no streaming e em “outros meios eletrônicos” antes de estarem em exibição comercial nas salas de cinema não serão considerados para a cota de exibição, segundo a Agência Câmara de Notícias.
A ideia da cota de exibição é que filmes nacionais tenham uma quantidade mínima de exibição nas salas de cinema do país.
O projeto de lei ainda define que o Poder Executivo deve manter uma competição equilibrada e com variedade de títulos em sessões de maior procura através dos decretos anuais.
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Multa
Salas de exibição, como as do tipo de complexos de cinema, por exemplo, também farão parte do circuito que deve respeitar a cota de filmes nacionais.
Porém, em caso de descumprimento das regras, o projeto de lei prevê advertência — nos casos de descumprimentos pontuais com erros técnicos com justificativa fundamentada pela Ancine — e multa.
Neste segundo caso, a multa será a receita bruta média diária do complexo multiplicada pelo número de sessões de descumprimento. Porém, a Ancine pode substituir a multa por termos de ajustamento de conduta.