No estuário de Santos, mais precisamente em uma área de manguezal em Cubatão, em São Paulo, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) encontraram uma planta incomum para o local. Posteriormente, descobriram que se tratava da Sonneratia apetala, espécie nativa do Sudeste Asiático — especialmente Índia e Bangladesh.
De acordo com o Jornal da USP, esse é o primeiro registro da planta na América do Sul. O trabalho envolveu caminhadas de campo e uso de drones, que identificaram a presença de 86 exemplares da espécie até o momento.
Sobre a planta
Também conhecida como mangue maçã, a planta possui flores atraentes que, junto com seus frutos, flutuam pelas águas. Dessa forma, cresce e se espalha rapidamente.
Segundo os pesquisadores Yara Novelli, Edmar Hatamura e Geraldo Eysink, é provável que ela tenha chegado ao porto de Cubatão por meio de navios que vieram da China. Eles acreditam que amostras da planta viajaram junto com a água de lastro, utilizada para estabilizar as embarcações.
Por ter a capacidade de fazer o solo reter umidade, foi utilizada na tentativa de recuperar manguezais chineses. No entanto, inserir uma espécie exótica em outro ambiente pode ser ainda mais prejudicial à vegetação nativa.
Ameaça aos manguezais brasileiros
A planta mangue maçã é uma ameaça à biodiversidade no Brasil, por ser uma espécie invasora. No país, os manguezais se estendem por toda a costa, de norte a sul.
Em geral, as árvores dos três tipos de mangue brasileiros – vermelho, petro e branco – desempenham um papel vital na proteção do solo e da vida selvagem litorânea. De acordo com pesquisadores, os manguezais exercem a fixação de carbono, evitam a erosão do solo e ainda servem como berçário para espécies marinhas.
Por isso, os mangues são considerados APP (Área de Preservação Permanente) pela legislação nacional do Brasil. Dessa forma, a invasão da Sonneratia apetala pode competir por espaço e recursos das plantas nativas brasileiras, prejudicando a biodiversidade local.
A regulamentação brasileira diz que espécies invasoras devem ser erradicadas, sejam elas animais, plantas ou microrganismos. De acordo com os pesquisadores da USP, para isso, é necessária a autorização de órgãos reguladores.
Eles já entraram em contato e aguardam resposta do Ministério do Meio Ambiente, do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e do Ibama para tratar do caso da espécie invasora. Além disso, também publicaram uma nota técnica na revista Biota Neotropica.