Deu uma estrela e xingou restaurante? Isso diz muito sobre você, mostra pesquisa

Capacidade humana de classificar suas emoções em números pode indicar traços de seu comportamento - e até mesmo prever seu futuro
Deu uma estrela e xingou restaurante? Isso diz muito sobre você, mostra pesquisa
Imagem: Michael M./Unsplash/Reprodução

Uma pesquisa da Universidade de Oxford publicada na última segunda-feira (3) mostra que a avaliação que damos ao atendimento em lojas ou restaurantes pode dizer muito sobre nosso comportamento — e até o valor que damos à vida. 

Apesar dessas classificações serem completamente subjetivas e pouco claras, o estudo descobriu que os sentimentos humanos podem, sim, ser expressos a partir desses números. 

Segundo os pesquisadores, tais notas têm mais poder de previsão que indicativos socioeconômicos, como renda familiar e status de emprego. 

“Esses números carregam uma enorme quantidade de informações, mesmo que não saibamos como os humanos conseguem fazer isso”, disse Andrew Oswald, professor de economia na Universidade de Warwick e coautor do estudo. 

A pesquisa coletou informações de três grandes bases de dados com mais de 700 mil pessoas na Alemanha, Austrália e Reino Unido. Os participantes foram questionados anualmente durante 30 anos sobre como se sentiam sobre seus trabalhos, cônjuges, saúde e onde moravam. 

Emoções importam

Os resultados demonstraram que as notas de satisfação tinham uma relação direta com ações feitas posteriormente pelos entrevistados. Ou seja, as avaliações de hoje mostravam qual seria o comportamento do amanhã, e assim por diante. 

Quem classificou sua satisfação no trabalho com notas entre 2 e 7, por exemplo, teve 25% mais chance de deixar o emprego no próximo trimestre. Já aqueles que deram nota entre 6 e 7 tiveram apenas 10% de probabilidade de sair. 

Pessoas que classificaram o casamento com notas baixas também demonstraram maior propensão a se divorciar. Já pessoas que avaliaram a saúde de forma positiva tinham menos chance de acabar no hospital. 

Os dados corroboram uma pesquisa lançada em 2001 no American Journal of Psichiatry. O estudo apontou que pessoas que classificaram suas vidas como inferiores tiveram risco maior de suicídio em até 20 anos. 

Por que isso acontece? 

A hipótese dos pesquisadores é que as “notas” dadas por humanos têm precisão pois fazemos isso todos os dias. “Hoje somos solicitados a avaliar quase tudo, de filmes a restaurantes, e isso é apenas uma extensão de algo que já fazemos há muito tempo”, disse Caspar Kaiser, também coautor do estudo, ao site Scientific American

Além disso, somos experts em “comparação”, em especial aos níveis de satisfação dos nossos vizinhos. Outra hipótese é o fácil acesso a dispositivos de medição para outros aspectos da vida, como temperatura, distância e peso. 

“Por isso não é surpreendente que possamos medir nossos sentimentos de maneira igualmente precisa para eventos que definem a vida, como relacionamentos e carreira”, pontuou Oswald. 

Agora, o estudo quer avaliar esses mesmos dados em países de baixa renda. Outro objetivo é tentar entender como essa classificação acontece. “Embora saibamos que os humanos têm uma capacidade notável de codificar seus sentimentos em escala cardinal, ainda não sabemos ao certo como isso acontece”, pontuou Kaiser. 

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Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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