Dieta paleolítica: estudo aponta vestígios da refeição mais antiga do mundo

Refeição mais antiga que se tem registro vem de lesma da misteriosa que existiu há pelo menos 550 milhões de anos. Veja mais sobre esse menu
Dieta paleolítica: estudo aponta vestígios da refeição mais antiga do mundo
Imagem: Ilya Bobrovskiy/GFZ-Potsdam

Algas e bactérias do fundo do oceano: esse é o menu da refeição mais antiga que se tem registro até hoje. A descoberta é de uma equipe internacional de pesquisadores, publicada na revista científica Current Biology na terça-feira (22). 

Os cientistas analisaram fósseis da biota ediacarana, forma de vida que existiu na Terra entre 540 milhões e 635 milhões atrás. Entre eles está a criatura Kimberella. Parecida com uma lesma, ela representa a evidência mais antiga de alimentos consumidos por animais.

Longe de ser uma refeição farta, a presença de algas e bactérias mostra que esses animais já tinham boca e intestino, e digeriam os alimentos como fazem os invertebrados modernos. 

Jochen Brocks, pesquisador da Universidade Nacional da Austrália e coautor do estudo, disse ao jornal The Guardian que os fósseis foram essenciais para a evolução porque foi a primeira vez que a vida se tornou “grande” – ou seja, passou de microrganismos para animais vistos a olho nu. 

A pesquisa também mostra que, há mais de 500 milhões de anos, a Kimberela já era uma criatura simétrica que podia se mover, o que a tornava um animal realmente avançado para a época. 

Intestino é coisa nova

“Ter um intestino é muito moderno”, explicou Brocks. “Esponjas, corais e águas-vivas, por exemplo, não têm um intestino convencional, que percorre todo o corpo”.

Segundo ele, o intestino dessa lesma foi capaz de absorver moléculas de gordura colesterol e ainda rejeitar moléculas desnecessárias ao seu organismo. 

A Kimberella foi coletada em 2018 em penhascos perto do Mar Branco, no noroeste da Rússia. Com ela, também estava o fóssil de outro tipo de animal: a Dickinsonia, uma criatura sem boca ou intestino – ou seja, menos avançada. 

Os cientistas descrevem a Dickinsonia como um “tapete de banho” com nervuras do fundo do mar. O animal tinha até 1,4 metro de comprimento e absorvia comida através da pele. Esses invertebrados são os fósseis animais mais antigos que se tem notícia: eles teriam vivido 550 milhões de anos atrás. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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