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Do sul ao nordeste, conheça os principais cânions do Brasil

Não é só nos EUA: o Brasil também conta com formações rochosas de vales profundos. E algumas delas são roteiros turísticos exuberantes, ainda que pouco conhecidos

Imagem: Andreia Reis/WikiCommons/Reprodução

Não são só os EUA que têm paisagens belíssimas com cânions: o Brasil tem mais de 15 formações rochosas de vales profundos que são de tirar o fôlego. Apesar dos mais famosos ficarem no sul, como o Itaimbezinho e Fortaleza, também há cânions exuberantes no sudeste e nordeste do país. 

Talvez o mais lembrado hoje no Brasil sejam os cânions de Furnas, na cidade mineira de Capitólio (foto) – infelizmente, por causa de uma tragédia. Em janeiro de 2022, um imenso bloco de pedra despencou sobre barcos. Pelo menos 10 pessoas morreram e outras 27 ficaram feridas. 

Desde então, muita coisa mudou por lá. O turismo local reforçou a segurança e reduziu o volume de lanchas que circulavam no Lago de Furnas. 

Agora, os pilotos cumprem o distanciamento mínimo dos paredões. Todos os usuários passaram a usar equipamentos de segurança obrigatórios, como capacete e colete salva-vidas, exemplo que se repete em outras regiões de cânions no Brasil. 

Como os cânions de Furnas surgiram depois da criação da Usina Hidrelétrica, em 1963, a área está em constante transformação natural, o que aumenta os riscos geológicos. 

Isso é comum em regiões de cânions, mesmo naqueles que se originaram naturalmente. O mais comum é que essas formações surjam com a ação de rios, do movimento de placas tectônicas e da erosão eólica ao longo de milhões de anos. 

Por isso há riscos: essas regiões são sempre muito antigas e desgastadas pela ação do tempo, o que não garante que sejam 100% seguras. Mesmo assim, não deixam de ser belíssimas – desde que desbravadas com segurança. 

A seguir, confira onde e como estão os principais cânions turísticos do Brasil. 

Cânion Itaimbezinho (RS)

Cânion Itaimbezinho no Parque dos Aparados da Serra, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Imagem: Mathieu Bertrand Struck/Flickr/Reprodução

Com 700 metros de profundidade, o Itaimbezinho é o principal atrativo do Parque Aparados da Serra. Seus paredões chegam a 5,8 quilômetros de extensão e acompanham o rio Perdiz, na cidade gaúcha de Cambará do Sul. 

Foram os indígenas guaranis que habitavam a região no passado que deram o nome ao desfiladeiro. Na língua originária, “ita” significa pedra, e “aimbé” é cortada. Especialistas estimam que as paredes rochosas existem há pelo menos 130 milhões de anos.

Os guias do parque oferecem três trilhas diferentes para desbravar a região, todas envolvendo caminhadas que podem chegar a 6 horas de duração. Os trechos são sinalizados e com inclinação média, o que dá mais segurança ao percurso. 

Cânion Fortaleza (RS)

Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul (RS), agosto de 2015. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

É um cânion que pode ser acessado a pé. Tem 940 metros de profundidade e sete quilômetros de extensão. 

Cânion Malacara (RS)

Canyon Malacara, em Cambará do Sul (RS), junho de 2009. Imagem: Alexei Znamensky/Flickr/Reprodução

Fica mais afastado, a 22 km de trilha do cânion Fortaleza. Só pode ser acessado com ajuda de um guia. Chega a 700 metros de profundidade e 3,5 km de extensão, e conta com uma natureza selvagem quase intocada. 

Cânion Churriado (RS)

Cânion Churriado, na divisa dos estados Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Imagem: Carolina Abrantes/Webventure/Reprodução

Tem 3 km de extensão, e paredes de 250 a 700 metros de altura. Para chegar lá, só encarando uma trilha nível hard: são 16 km de caminhada (ida e volta). 

Cânion Josafaz (RS) 

Cânion Josafaz, na divisa dos estados Santa Catarina e Rio Grande do Sul, maio de 2016. Imagem: Imagens Brasil Sul/YouTube/Reprodução

A formação rochosa é extremamente úmida devido a grande quantidade de vegetação da Mata Atlântica. Por isso, as trilhas não são nada fáceis – algumas chegam a 21 km (ida e volta) –, e ficam ainda mais pesadas com o frio que faz por lá. Mesmo assim, a paisagem é exuberante: são paredões de 16 quilômetros de extensão a 1.000 metros de altitude. 

Cânion do Funil (SC)

Cânion do Funil, próximo à Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. Imagem: Reprodução

Fica a poucos quilômetros da Serra do Rio do Rastro, uma estrada sinuosa no caminho para o litoral catarinense. O cânion é famoso pelos penhascos de rochas pontudas. Para chegar lá, só com autorização, auxílio de guia e um carro preparado para encarar estradas irregulares. 

Cânion do Guartelá (PR) 

Cânion Guartelá, no Paraná, em julho de 2009. Imagem: Beto Mus/Wikimedia Commons

É o sexto maior cânion do mundo, com 30 km de extensão e desfiladeiros de até 450 metros. A trilha completa tem 10 km e precisa ser percorrida com guia. 

Cânion do Rio Jaguariaíva (PR) 

Salto no cânion do Rio Jaguariaívas, no Paraná, em fevereiro de 2012. Imagem: Carlos Ornellas/Wikimedia Commons

Localizado na cidade de Jaguariaíva, é o 8º maior cânion do mundo em extensão, com paredões que chegam a 80 metros de altura.

Cânion de Furnas (MG) 

Cânion de Furnas, em Capitólio (MG). Imagem: Governo de Minas Gerais/Divulgação

Entre os mais famosos do Brasil, os cânions de Furnas, na cidade mineira de Capitólio, apareceram depois da construção da Usina Hidrelétrica, em 1963. Ali está a nascente do Rio São Francisco e paisagens exuberantes que mesclam belos paredões de pedra e água cristalina.

Cânion das Bandeirinhas (MG) 

Cânion das Bandeirinhas, em Jaboticatuba (MG), agosto de 2015. Imagem: Wanderley Santos Vieira/Wikimedia Commons

Fica no município de Jaboticatubas, no Parque Nacional da Serra do Cipó, a duas horas de Belo Horizonte. Para chegar lá, é preciso fazer 12 km de trilha de dificuldade média. No caminho, o turista encontra muitas piscinas naturais e cachoeiras.

Cânion do Peixe Tolo (MG) 

Cânion do Peixe Tolo, em Minas Gerais. Imagem: Governo de Minas Gerais/Divulgação

Os paredões de até 200 metros de altura ficam na Serra do Intendente, em Conceição do Mato Dentro. Para entrar, só com autorização e auxílio de guia. 

Cânion do Rio Espalhado (BA) 

Cânion do Rio Espalhado, na Chapada Diamantina, Bahia. Imagem: Giovana Oliveira/Reprodução

As pedras em camadas (algo que demonstra a ação do tempo) acompanham o leito do Rio Espalhado no berço da Chapada Diamantina. Os paredões chegam a 90 metros de altura e há diversas piscinas e cachoeiras pelo caminho. 

Cânion do Xingó (SE) 

Cânion do Xingó, em Sergipe, só foi descoberto em 1994. Imagem: Bianca Manuela Lúcio Arcanjo/Wikimedia Commons

A história desse cânion localizado no meio do sertão nordestino é impressionante. Ele só foi descoberto depois do represamento das águas para a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, em 1994. Até então, ninguém sabia da sua existência. 

Hoje, é o quinto maior cânion navegável do mundo, com 65 km de extensão e 170 metros de profundidade. E é beleza pura: os paredões se espelham nas águas esverdeadas na beira do Rio São Francisco. Em alguns locais, a água é própria para banho. 

A estimativa é que a formação rochosa tenha mais de 60 milhões de anos, com vestígios de humanos há pelo menos 8 mil anos. 

Cânion Sussuapara (TO) 

Cânion Sussuara fica no Jalapão, conhecida região turística de Tocantins. Imagem: Flávio André/Flickr/Reprodução

É o mais visitado cânion do Jalapão, região turística do Tocantins. Guarda uma cachoeira com queda d’água que chega a cinco metros de altura e uma gruta. As rochas chegam a 70 metros de altura e por elas descem dezenas de fontes de água, o que confere formatos indescritíveis nas pedras. 

Cânion do Rio Poty (PI) 

Cânion do Rio Poty, na na Serra de Ibiapaba, a 230 km de Teresina (PI), em março de 2019. Imagem: Wikimedia Commons

Rochas de mais de 60 metros de altura acompanham os cânions do Rio Poty na Serra de Ibiapaba, a 230 km de Teresina, no nordeste do Brasil. Ali, é possível fazer passeios de canoa, caiaque e lancha, além de visitar cavernas e artes rupestres. 

Mas lembre-se: o ideal é andar com o auxílio de um guia e pessoas que conhecem o local, sempre respeitando os limites do espaço. 

Cânion dos Apertados (RN) 

Cânion dos Apertados, na fazenda Aba da Serra, em Currais Novos (RN). Imagem: Hércules Medeiros/Reprodução

O único cânion de rocha granítica do mundo fica na fazenda Aba da Serra, em Currais Novos. Foram as águas dos rios Picuí e Currais Novos que esculpiram as pedras, mas, ao longo dos anos, a água secou. Mesmo assim, nas épocas de chuva, piscinas naturais se formam e dão continuidade à paisagem exuberante. 

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