Dona da Shein é multada por não avisar usuários sobre violação de dados
A Procuradoria-geral de Nova York multou a empresa Zoetop, dona da loja online Shein, em US$ 1,9 milhão (R$ 10 milhões no câmbio atual). Em despacho, o órgão diz que a companhia chinesa não foi eficaz em combater uma violação de dados dos seus clientes.
O incidente teria acontecido em 2018 depois de um ataque cibernético. Uma rede de cartões de crédito encontrou dados de mais de 39 milhões de clientes dos sites Shein e Romwe à venda em fóruns online. Entre eles, havia 375 mil moradores do estado de Nova York.
A Procuradoria-geral autua a Zoetop por “informações enganosas” e por não informar os usuários prejudicados. A companhia chinesa afirmou que apenas 6,42 milhões de usuários perderam dados e que entraria em contato com todos que tiveram suas contas afetadas – o que não aconteceu.
Além disso, a dona da Shein só informou uma pequena parcela das contas comprometidas e “sequer alertou” os demais usuários do roubo de seus dados, disse a investigação dos EUA.
Desde então, a Zoetop garantiu que intensificou suas medidas de segurança. “Desde a violação de dados, que ocorreu em 2018, tomamos medidas significativas para fortalecer ainda mais nossa postura de segurança cibernética e permanecemos vigilantes”, disse a Shein em comunicado.
A empresa afirmou que cooperará totalmente com a Procuradoria-geral de Nova York e que está “satisfeita por resolver o assunto”.
Crescimento exponencial
De 2018 para cá, a Shein se tornou uma das principais plataformas de comércio eletrônico do mundo – em especial nos EUA e no Brasil. Entre abril e junho, os downloads do app superaram os da Amazon pela primeira vez.
Em fevereiro, a companhia chinesa transferiu seus principais ativos para Cingapura, depois de crescer em vendas durante a pandemia. Em 2021, a Shein vendeu US$ 16 bilhões, bem acima dos US$ 10 bilhões em receita de 2020.
Seu diferencial, além dos preços, é a rapidez com que desenvolve as coleções. Enquanto a Zara, outra fast fashion, demora em média três semanas para confeccionar uma nova peça, a Shein leva de cinco a sete dias. Isso faz com que a Shein consiga produzir até 30 mil novos designs por semana. A Zara, por sua vez, produz 50 mil produtos por ano.
Por causa disso, a empresa é alvo constante de críticas, que vão desde plágio de peças de outras marcas até exploração de mão de obra em condições insalubres – o que a Shein nega.
Avaliada em US$ 100 bilhões, a companhia espera estrear com uma oferta pública inicial nos EUA em 2024, segundo reportagem de julho da Bloomberg.