Caso Pegasus: Edward Snowden diz que pessoas que financiam spyware deveriam ser presas

O ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA comentou sobre o escândalo envolvendo o NSO Group e o software espião Pegasus.
Imagem: The Guardian (Getty Images)
Imagem: The Guardian (Getty Images)

Edward Snowden lançou um novo blog no Substack e, naturalmente, ele tem muitas coisas para contar sobre privacidade, segurança digital e outros temas desse universo. As últimas declarações do ex-técnico da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) são sobre o NSO Group e o programa espião Pegasus. Na opinião de Snowden, as pessoas que ajudam a financiar essas companhias deveriam ser presas.

Intitulado “Continuing Ed”, o post de Snowden, sem surpresa, é tudo sobre vigilância e privacidade. O americano, que falou sobre programas de espionagem globais dos EUA em 2013, afirma que a NSO é apenas a ponta do iceberg quando se trata de uma gigantesca indústria de spyware, que está totalmente fora de controle.

Snowden ainda cita a perseguição à Novalpina Capital, empresa de capital privado com sede em Londres que possui uma participação majoritária na NSO. Rumores indicam que a corporação estaria se dissolvendo para evitar que novas investigações caiam sobre ela, mas Snowden tem outra teoria: isso estaria acontecendo para que legisladores oficiais controlem as outras empresas que financiam a NSO.

“Uma indústria como esta, cujo único propósito é a produção de vulnerabilidade, deve ser desmantelada. Não permitimos um mercado de infecções biológicas como serviço, e o mesmo deveria acontecer para ameaças digitais. Eliminar a motivação do lucro reduz os riscos de proliferação enquanto protege o progresso, deixando espaço para pesquisas públicas e trabalho inerentemente governamental”, diz Snowden.

Resumidamente: o ex-funcionário da NSA explica que, se as empresas que financiam entidades como a NSO não estiverem dispostas a combater a indústria de spyware, então seus responsáveis devem estar atrás das grades.

“É fundamental compreender que nem a escala dos negócios do NSO Group, nem as consequências que infligiu à sociedade global, teriam sido possíveis sem o acesso ao capital global de empresas amorais como Novalpina Capital (Europa) e Francisco Partners (EUA). O slogan é simples: se as empresas não forem vendidas, os proprietários devem ser presos.”

A Novalpina ajudou os fundadores da NSO a comprar de volta a empresa de seu antigo dono — o fundo de private equity Francisco Partners, com sede na Califórnia, em 2019, logo após rumores de um primeiro escândalo envolvendo a NSO. Fundos de private equity são pessoas ou empresas que investem em companhias que não estão listadas na bolsa de valores. Os investidores ainda participam da gestão dessas companhias.

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NSO vira alvo de investigação por spyware Pegasus

Desde meados de julho, veículos de imprensa do mundo todo divulgaram longas investigações apontando para o software de spyware Pegasus, do NSO Group. O programa em questão era vendido para governos de caráter duvidoso ou abusivo, e tem como principal objetivo espionar outros usuários. Há indícios de que a plataforma foi usada para vigiar celulares de jornalistas, advogados de direitos humanos, políticos e líderes mundiais.

Estima-se que mais de 50 mil números de telefone em mais de 40 países estariam comprometidos por conta do. Pegasus. Entre os celulares interceptados estavam o do repórter mexicano Cecilio Pineda Birto, assassinado em um lava-jato, e também do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi, morto por um esquadrão saudita em 2018.

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