ESA estuda maneiras para que astronautas comam batata frita no espaço
Já pensou ficar seis meses sem comer batata frita? Os astronautas enfrentam este drama ao embarcar rumo à (ISS) Estação Espacial Internacional – em missões que podem durar ainda mais. Durante a estadia na órbita terrestre, eles geralmente consomem alimentos desidratados e de preparação rápida. Mas há pesquisadores determinados em tornar a dieta espacial menos deprimente.
É o caso de uma equipe da Aristotle University of Thessaloniki, na Grécia. Eles se voltaram à categoria de alimentos que mais nos trazem felicidade instantânea: frituras (que os nutricionistas não nos ouçam). O título do estudo, publicado na revista Food Research International, questiona: “É possível fritar alimentos no espaço?”.
“O processo de fritura em óleo quente está associado a uma complexa transferência de calor e massa junto ao crescimento e desprendimento de bolhas de vapor de água”, escrevem os cientistas. “E estes fenômenos são fortemente afetados pela flutuabilidade e aceleração gravitacional.” A ideia, portanto, era analisar como a microgravidade afetaria este processo de cozimento.
Então, eles colocaram câmaras especiais de fritura a bordo de aeronaves em duas missões de voo parabólico da ESA (Agência Espacial Europeia). Nessas missões, o avião voa em arcos repetidos para recriar a microgravidade por breves momentos. Segundo os pesquisadores, os dispositivos automatizados mantêm uma pressão constante em seu interior, o que evita vazamentos de óleo quente e gasta menos energia para aquecê-lo.
Uma câmera de alta resolução gravou todo o processo de preparação da batata frita nas câmaras. Ela registrou o tamanho, a taxa de crescimento e a distribuição das bolhas de vapor d’água. O experimento também avaliou a velocidade com que bolhas e batatas se movimentavam, além de medir a temperatura do óleo e do interior da batata ao longo do processo.
A odisseia da batata frita no espaço
A equipe vai realizar mais pesquisas para ajustar alguns parâmetros, mas o resultado deste experimento inusitado foi positivo. Os pesquisadores descobriram que, logo após a batata mergulhar no óleo em microgravidade, as bolhas de vapor se desprenderam facilmente de sua superfície – como acontece na Terra. Isso significa que o experimento se mostrou promissor.
Geralmente, pesquisas que procuram maneiras de tornar a alimentação de astronautas mais semelhante à terrestre se concentram em sistemas de cultivo em microgravidade em vez de processos de preparo e cozimento. A equipe da Grécia afirma que isso acontece porque, por enquanto, “não há necessidade nutricional ou psicológica séria” de imitar os hábitos alimentares terrestres.
“Mas isso mudará drasticamente em missões de longo prazo, por exemplo, para a Lua e Marte”, concluem os cientistas.