O que começou como um caso engraçado de um smartphone dobrável com uma marca bizarra agora evoluiu para um processo legal. A Escobar Inc, a empresa de smartphones comandada pelo irmão de Pablo Escobar, está processando seu chefe de operações por supostamente extorquir a empresa e sequestrar sua conta no YouTube.
Os documentos do tribunal, que foram apresentados no final da semana passada em Nevada e obtidos pelo Register, pintam um quadro bastante inusitado da Escobar Inc. Os documentos acusam o ex-chefe de operações Daniel Reitberg de basicamente bloquear a empresa de sua própria conta no YouTube. A senha do canal era conhecida apenas por Reitberg e pelo CEO da Escobar Inc, Olof Gustafsson.
Em algum momento, Reitberg mudou a senha e agora está usando a conta para exigir um resgate. A Escobar Inc alega que seu canal no YouTube, que Reitberg configurou em 2019, é a plataforma primária de publicidade da companhia, com mais de 4,5 milhões de visualizações e que já “aproveitou de um tremendo sucesso” com mais de US$ 1 milhão feitas em vendas.
O arquivo também detalha uma série de eventos em que Reitberg foi supostamente demitido em novembro de 2019 por não pagar faturas e credores, conseguiu convencer a chefia para ser recontratado em março de 2020, e dias depois abandonou seu posto após retirar milhares de dólares feitos com a venda de mercadorias da empresa. Reitberg também supostamente destruiu “todas as provas que ligavam o dinheiro nas contas bancárias às ordens de compra da Escobar Inc.”
Há muita confusão envolvendo os smartphones dobráveis da Escobar Inc. A empresa lançou inicialmente o Pablo Escobar Fold 1 no valor de $350 em dezembro de 2019 – e não surpreende ninguém, era um Royole FlexPai rebatizado com um adesivo dourado e papel de parede assustador do Pablo Escobar.
Em fevereiro, a empresa começou a anunciar o Pablo Escobar Fold 2, de US$ 400, que era claramente uma versão do Samsung Galaxy Fold, com outro adesivo dourado e papel de parede de Pablo Escobar. O Fold 2 foi lançado com uma campanha publicitária questionável que tinha como objetivo “matar a Samsung”. A Samsung, inclusive, abriu uma ação judicial por causa do domínio RIPSamsung.com.
Na época, Roberto De Jesus Escobar Gaviria – irmão do Pablo Escobar – disse que tinha conseguido um acordo com fornecedores chineses, chamando-se a si mesmo de “o rei dos aparelhos eletrônicos em excesso de estoque” em um comunicado à imprensa.
Gustafsson aparentemente disse ao youtuber Mrwhosetheboss que a Escobar Inc intermediou um acordo com atacadistas chineses para comprar telefones que falharam no controle de qualidade da Samsung, ou que foram devolvidos ou faziam parte de excesso de estoque.
A acusação de que Reitberg “apagou dados financeiros proprietários sobre vendas passadas” também parece ser uma desculpa conveniente e útil para explicar por que algumas pessoas que esperavam fazer um bom negócio comprando esses aparelhos foram enganadas – embora a explicação mais provável envolva um golpe antigo.
Algumas pessoas que pagaram US$ 350 pelo Fold 1 receberam apenas um livro bizarro sobre as façanhas de Pablo Escobar e depois foi oferecido um upgrade para o Fold 2, que nunca se materializou.
Enquanto isso, parece que apenas analistas populares do YouTube receberam o Fold 2 (o Gizmodo procurou a Escobar Inc para ver se conseguiríamos uma unidade de review, mas fomos ignorados).
A Escobar Inc está em busca de indenização por danos, citando a Lei de Segredos Comerciais Uniformes de Nevada e a Lei de Fraude e Abuso de Computadores, além de tentarem recuperar a senha do seu próprio canal no YouTube.