Esqueleto com prego no calcanhar evidencia crucificação romana
Quando os arqueólogos se depararam com este esqueleto pela primeira vez, não notaram nada de especial. Afinal, era só mais um corpo repleto de lama em um dos cinco cemitérios descobertos em Fenstanton, um antigo assentamento romano em Cambridgeshire, Inglaterra.
Mas foi só chegar no laboratório que lá estava o tesouro: o esqueleto levava um prego em seu calcanhar, sendo uma rara evidência física de crucificação romana.
A análise completa, feita por David Ingham e Corinne Duhig, foi publicada na revista British Archaeology.
Evidências raras
Este é o quarto caso relatado de crucificação romana na história e apenas o segundo a ter os pregos como prova. A crucificação parece ter sido algo comum nos antigos assentamentos romanos, mas encontrar evidências é extremamente difícil.
Pesquisadores acreditam que os pregos eram retirados do local após a morte para serem reutilizados. Diferente do que costuma ser mostrado em histórias cristãs, essas ferramentas não serviam necessariamente para pregar a pessoa a cruz.
Na verdade, é provável que muitas vítimas tenham sido amarradas às estacas de madeira, com o prego servindo apenas para controlar seus pés e evitar rebeliões.
Homem entre 25 e 35 anos
O esqueleto tem entre 1.600 e 1.900 anos. De acordo com os arqueólogos, pertencia a um homem que morreu quando tinha entre 25 e 35 anos. Não se sabe ao certo o que levou à sua crucificação. Era comum naquela época que escravos condenados, rebeldes, pessoas acusadas de bruxaria ou de classes inferiores fossem submetidas a este tipo de morte.
A canela do esqueleto estava afinada, sugerindo que ele usou algemas por longos períodos de tempo. Isso levou os cientistas a criarem a hipótese de que o homem era um escravo, mas a evidência é inconclusiva.
Enterro digno?
O fato do falecido ter sido enterrado em um cemitério também chamou a atenção dos pesquisadores. Não é comum uma vítima de crucificação ter seu corpo recuperado e enterrado ao lado de outras pessoas. Quem fez isso e de que forma são perguntas que os pesquisadores ainda não sabem responder.
Os arqueólogos envolvidos no estudo esperam que uma réplica 3D do osso seja produzida e exibida no Museu de Arqueologia e Antropologia de Cambridge, na Inglaterra.