Esqueletos de povo peruano eram colocados em espetos, diz estudo arqueológico
Arqueólogos da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, focaram seus estudos em alguns artefatos bastante curiosos — mais precisamente esqueletos humanos enfiados em espetos, que foram encontrados no vale de Chincha, no Peru.
As vértebras presas na vareta já haviam sido identificadas por cientistas no passado, mas ninguém sabia explicar o que elas representavam. Mas o novo estudo, publicado na revista científica Antiquity muda essa história.
De acordo com o artigo, os objetos foram criados com o objetivo de reconstruir cemitérios comunitários que foram saqueados durante o domínio espanhol.
A datação feita pelos cientistas indica que a pessoa a quem as vértebras pertenciam morreu no início dos anos 1500. Porém, os ossos só foram colocados nas varas de madeira 40 anos depois.
Aqui entra a constatação histórica: os espanhóis chegaram à região na década de 1530. Documentos históricos mostram que os invasores frequentemente saqueavam túmulos, roubando artefatos valiosos de ouro e prata e destruindo ou profanando os restos mortais.
A cultura andina é conhecida por valorizar a preservação da integridade de cadáveres. Logo, os cientistas sugerem que o povo Chincha que vivia na região revisitou os túmulos saqueados e, de alguma forma, tentou reconstruir seus cemitérios. Um sinal de resistência frente a colonização.
Os arqueólogos investigaram 664 sepulturas em uma zona de 40 quilômetros quadrados. Ao final, documentaram 192 postes com vértebras, sugerindo que a prática foi aderida por diferentes comunidades.
A maioria dos esqueletos colocados nos espetos pertenciam a adultos, sendo apenas um sexto deles de pessoas com menos de 20 anos. Os cientistas acreditam que os antigos indígenas se esforçaram para manter cada corpo em um único poste, já que apenas uma das varetas trazia ossos de duas pessoas — o que parece ter acontecido por acidente.