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Está chovendo diamantes em milhares de planetas (até no Sistema Solar)

Novo estudo descobriu que a chuva de diamantes pode acontecer em condições de temperatura e pressão inesperadas

Está chovendo diamantes em milhares de planetas (até no Sistema Solar)

Há algum tempo, astrônomos afirmam que, dentro dos gigantes Netuno e o Urano, um fenômeno acontece: a chuva de diamantes. Agora, um novo estudo revisitou as condições necessárias para isso e os resultados surpreenderam especialistas.

De acordo com a pesquisa, a chuva de diamantes pode acontecer em temperaturas menos extremas do que os pesquisadores pensavam serem necessárias. Assim, os céus de planetas gelados por todo o universo podem estar repletos de diamantes. 

Chuva de diamantes

As chuvas de diamantes foram descobertas a partir de constatações sobre os planetas Urano e Netuno. Cientistas já sabiam do que eles eram feitos: metano, água e amônia. Por modelagem matemática, também identificaram que seus mantos provavelmente têm temperaturas em torno seis mil graus Celsius e pressões 6 milhões de vezes superiores à atmosfera terrestre.

Analisando todos os dados, concluíram que, sob essas condições, o metano teria suas moléculas quebradas, liberando carbono. Este elemento, por sua vez, formam longas cadeias, que se comprimem para formar padrões cristalinos como diamantes.

Então, cientistas acreditam que a chuva de diamantes cai pelas camadas do manto até elas ficarem muito quentes. Nesse momento, ela vaporiza e o ciclo se repete.

Entenda a pesquisa

Até agora, dois tipos de experimentos investigaram as condições sob as quais os diamantes poderiam se formar dentro de gigantes de gelo como Urano e Netuno. Um deles é o teste de compressão dinâmica. 

Ele consiste em submeter os compostos de carbono a um choque repentino. Em geral, este tipo de experimento exige temperaturas e pressões muito mais altas para formar diamantes. 

Já o outro teste é por meio da compressão estática. Nela, os elementos são colocados dentro de uma câmara e comprimidos gradualmente. Foi este tipo de experimento que os pesquisadores usaram no novo estudo.

Para isso, eles utilizaram aquecimento dinâmico, a fim de comprimir um tipo de polímero chamado poliestireno. Em seguida, espremeram e atingiram o elemento com pulsos de luz de raios-X.

Então, os cientistas observaram que diamantes passaram a se formar em temperaturas de cerca de 2200°C e pressões de aproximadamente 19 gigapascals. Essas condições são semelhantes às partes mais rasas de Netuno e Urano, onde não é esperado que as chuvas de diamantes ocorra.

Isso porque são muito mais baixas que aquelas consideradas necessárias para a formação da joia. “Isso discordava dos resultados estabelecidos e não era o que esperávamos ver, mas se encaixou bem e meio que uniu tudo”, diz Frost, autor do estudo, em comunicado.

No entanto, a compressão demorou mais tempo que o normal, o que os pesquisadores acreditam ser o motivo pelo qual experimentos anteriores não detectaram esse tipo de formação de diamante antes.

O que muda

Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista Nature Astronomy. Em geral, eles indicam que a chuva de diamantes pode acontecer em planetas menores do que a ciência considerava antes. 

Por exemplo, dos cerca de 5600 exoplanetas já identificados, mais de 1900 poderiam ter o fenômeno. Além disso, o estudo sugere que os diamantes podem se formar em profundidades mais rasas do que pensado dentro do próprio Sistema Solar.

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