Ciência

Está chovendo diamantes em milhares de planetas (até no Sistema Solar)

Novo estudo descobriu que a chuva de diamantes pode acontecer em condições de temperatura e pressão inesperadas
Imagem: Greg Stewart/SLAC National Accelerator Laboratory/ Reprodução

Há algum tempo, astrônomos afirmam que, dentro dos gigantes Netuno e o Urano, um fenômeno acontece: a chuva de diamantes. Agora, um novo estudo revisitou as condições necessárias para isso e os resultados surpreenderam especialistas.

De acordo com a pesquisa, a chuva de diamantes pode acontecer em temperaturas menos extremas do que os pesquisadores pensavam serem necessárias. Assim, os céus de planetas gelados por todo o universo podem estar repletos de diamantes. 

Chuva de diamantes

As chuvas de diamantes foram descobertas a partir de constatações sobre os planetas Urano e Netuno. Cientistas já sabiam do que eles eram feitos: metano, água e amônia. Por modelagem matemática, também identificaram que seus mantos provavelmente têm temperaturas em torno seis mil graus Celsius e pressões 6 milhões de vezes superiores à atmosfera terrestre.

Analisando todos os dados, concluíram que, sob essas condições, o metano teria suas moléculas quebradas, liberando carbono. Este elemento, por sua vez, formam longas cadeias, que se comprimem para formar padrões cristalinos como diamantes.

Então, cientistas acreditam que a chuva de diamantes cai pelas camadas do manto até elas ficarem muito quentes. Nesse momento, ela vaporiza e o ciclo se repete.

Entenda a pesquisa

Até agora, dois tipos de experimentos investigaram as condições sob as quais os diamantes poderiam se formar dentro de gigantes de gelo como Urano e Netuno. Um deles é o teste de compressão dinâmica. 

Ele consiste em submeter os compostos de carbono a um choque repentino. Em geral, este tipo de experimento exige temperaturas e pressões muito mais altas para formar diamantes. 

Já o outro teste é por meio da compressão estática. Nela, os elementos são colocados dentro de uma câmara e comprimidos gradualmente. Foi este tipo de experimento que os pesquisadores usaram no novo estudo.

Para isso, eles utilizaram aquecimento dinâmico, a fim de comprimir um tipo de polímero chamado poliestireno. Em seguida, espremeram e atingiram o elemento com pulsos de luz de raios-X.

Então, os cientistas observaram que diamantes passaram a se formar em temperaturas de cerca de 2200°C e pressões de aproximadamente 19 gigapascals. Essas condições são semelhantes às partes mais rasas de Netuno e Urano, onde não é esperado que as chuvas de diamantes ocorra.

Isso porque são muito mais baixas que aquelas consideradas necessárias para a formação da joia. “Isso discordava dos resultados estabelecidos e não era o que esperávamos ver, mas se encaixou bem e meio que uniu tudo”, diz Frost, autor do estudo, em comunicado.

No entanto, a compressão demorou mais tempo que o normal, o que os pesquisadores acreditam ser o motivo pelo qual experimentos anteriores não detectaram esse tipo de formação de diamante antes.

O que muda

Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista Nature Astronomy. Em geral, eles indicam que a chuva de diamantes pode acontecer em planetas menores do que a ciência considerava antes. 

Por exemplo, dos cerca de 5600 exoplanetas já identificados, mais de 1900 poderiam ter o fenômeno. Além disso, o estudo sugere que os diamantes podem se formar em profundidades mais rasas do que pensado dentro do próprio Sistema Solar.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas