Este banco de dados mostra que serial killers estão em baixa desde os anos 80
Não é só o Jeffrey Dahmer. Um levantamento da Universidade de Radford, nos EUA, contou mais de 3 mil serial killers desde o ano de 1900. A “boa” notícia é que o pico de assassinos em série foi na década de 1980, mas diminuiu consideravelmente desde então.
Ao todo, há registro de 254 assassinos em série entre 1980 e 1989, enquanto na década de 1990 foram 227. A principal redução foi no número de pessoas que assassinaram três ou mais vítimas: em 1980, foram 104 serial killers, e 89 em 1990.
Entre 2010 e 2018, o último ano com dados atualizados, há registro de 43 serial killers com duas ou mais vítimas. Pelo menos 23 assassinos mataram três ou mais pessoas.
O ano com maior número de vítimas é 1987, quando 404 pessoas foram mortas por serial killers só nos EUA, o país com maior número de assassinos em série do mundo. Desde 1900, são 3.613 – ou 67% de todos os casos globais.
Depois dos EUA está a Inglaterra, com 167 casos, o Japão (137), África do Sul (123), Índia (121) e Canadá (119). Esses são os únicos países com mais de 100 assassinos em série identificados no banco de dados.
O professor de psicologia forense Michael Aamodt criou o levantamento como uma tarefa de aula nos idos dos anos 1990. O objetivo era criar um perfil dos assassinos, incluindo uma linha do tempo dos crimes e história de vida.
A princípio, os dados ficavam em uma gaveta para serem atualizados no ano seguinte, mas depois foram transferidos para um banco digitalizado e transformaram-se na mais abrangente coletânea de informações de serial killers dos últimos anos.
A pesquisa usa a definição do FBI para assassinos em série: pessoas que mataram ilegalmente duas ou mais vítimas em eventos separados.
O que pode estar por trás da redução
Os pesquisadores atribuem a queda no número de serial killers ao aumento da detecção desses criminosos pela lei. Ou seja, assassinos em série com motivos financeiros tendem a ter menos probabilidade de passar despercebidos ao tentar aplicar fraudes em seguros, por exemplo.
Ou eles são pegos antes de atender à definição de assassino em série ou ficam fora das estatísticas ao alegar que mataram por ganhos financeiros, exclusivamente.
Outro indício é que potenciais assassinos em série ficam mais tempo na cadeia. Desde 1950, 16,8% dos serial killers registrados no banco de dados mataram novamente depois de serem liberados da prisão, apontou a equipe em relatório de 2020.
O número, combinado com o fato de que 79% dos serial killers dos EUA passaram algum tempo na prisão antes do primeiro assassinato, apoia a relação entre sentenças mais longas e diminuição nas mortes de serial killers.
O que também caiu foram as caronas – uma prática proibida nos EUA. “Diminuiu o número de alvos de alto risco para assassinos em série”, diz o relatório. “Há menos pessoas pedindo ou oferecendo carona e caminhando para a escola”.
Entre 1980 e 2017, as principais vítimas de assassinos em série eram raptadas quando pediam caronas, sequestros em shopping centers, motoristas com alguma deficiência ou “bons samaritanos” – pessoas que responderam a pedidos de ajuda dos criminosos.
Descobertas interessantes
Uma das descobertas mais significativas do levantamento é que, antes da década de 1930, até um terço dos serial killers eram mulheres. Essa porcentagem caiu ao longo dos anos na comparação com os homens – em 1980, a fatia já ficava em 6%.
As mulheres eram mais propensas a usar veneno e ter ganhos financeiros como motivação. Já os assassinos homens matavam por prazer e eram mais propensos a fazê-lo com armas ou estrangulamento das vítimas.
Além disso, mulheres assassinas tendem a matar entes da família, enquanto homens escolhem pessoas de fora do círculo familiar.
O banco de dados mostra que 1,8% dos serial killers masculinos comeram suas vítimas. Nas mulheres, essa porcentagem é de 1,3%. Homens cometeram necrofilia em 3,4% dos casos, enquanto apenas 0,4% das serial killers mulheres cometeram esse tipo de crime.
Outro fato inusitado é que 0,7% dos assassinos homens bebem o sangue de suas vítimas, enquanto 0,4% das mulheres criminosas fazem o mesmo.