Ciência

Este mamífero vive só 1 ano e prefere trocar sono por sexo

Durante o período de acasalamento, os antequinos dormem cerca de 50% a menos por dia; ao final da reprodução, morrem
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Uma vida curta, mas intensa. Se os antequinos machos tivessem um lema, provavelmente seria esse. Marsupiais australianos, eles vivem apenas por um ano – tempo dedicado ao amadurecimento e à reprodução.

Em geral, próximos a completar a idade máxima, eles vivem um mês de acasalamento intenso, em que dormem pouco e copulam com todas as fêmeas possíveis. Logo depois, morrem em massa, deixando seus descendentes para cumprir o mesmo destino.

Sem tempo para dormir

Para investigar a rotina de acasalamento dos antequinos (Antechinus swainsonii), pesquisadores capturaram dez machos e cinco fêmeas, que foram mantidos separados. Sem que pudessem acasalar, tiveram amostras de sangue coletadas e foram acompanhados por monitores.

Como resultado, os cientistas descobriram que os antequinos machos dormem cerca de 50% por dia durante a estação de acasalamento. Em média, ao contabilizar o sono de todo o período dedicado à reprodução, os marsupiais dormem aproximadamente 20% menos. Enquanto isso, as fêmeas dormiam a quantidade de sono normal, sem alterações.

Em um novo experimento, dessa vez com outra espécie de antequino (Antechinus agilis), os pesquisadores capturaram 38 animais. Então, mediram os níveis de ácido oxálico deles antes e depois da época de acasalamento.

De modo geral, o ácido oxálico é uma substância presente no sangue que diminui quando um animais está com pouco sono.

Dessa forma, os pesquisadores perceberam que os antequinos machos dormem menos durante o mês de reprodução porque, naturalmente, seu organismo tem níveis mais baixos do ácido.

Morte como destino certo

Depois de passarem de três a quatro semanas dormindo menos e, quando soltos, acasalando intensamente, os antequinos machos morrem. De acordo com os pesquisadores, aqueles que não morreram após o experimento se tornaram estéreis.

Entre as fêmeas, a expectativa de vida é de mais um ano, completando mais um ciclo reprodutivo. De início, os cientistas pensaram que a falta de sono exerce um papel nesse destino fatal. Mas é preciso uma perda de sono muito maior para matar um rato, por exemplo. 

Agora, a suspeita é que os animais mudem os padrões alimentarem ou que algum parasita possa ajustar o relógio da vida dos marsupiais antes mesmo de começar a estação de acasalamento. Para confirmar as hipóteses, eles necessitam realizar mais estudos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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