Pesquisadores do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague descobriram que o sistema de correntes oceânicas Circulação Termohalina ou Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), que distribui frio, calor e precipitação entre a região do Atlântico Norte e os trópicos, pode colapsar entre 2025 e 2095 se a emissão de gases de efeito estufa continuar nos níveis atuais.
Ferramentas estatísticas e dados de temperatura oceânica dos últimos 150 anos garantiram, com 95% de certeza, o ocorrido nessa janela de tempo. Contudo, os cientistas esperam o evento para o ano de 2057.
A equipe analisou as temperaturas da superfície do mar em uma área específica do Atlântico Norte de 1870 até o presente. Essas temperaturas são “impressões digitais” que atestam a força do AMOC. Essas medições só foram feitas diretamente nos últimos 15 anos.
O fenômeno pode resultar no aquecimento nos trópicos e no aumento das tempestades na região do Atlântico Norte, entre outras coisas.
“Desligar o AMOC pode ter consequências muito sérias para o clima da Terra, por exemplo, alterando a forma como o calor e a precipitação são distribuídos globalmente. Essa paralisação contribuirá para um aumento do aquecimento dos trópicos, onde o aumento das temperaturas já deu origem a condições de vida desafiadoras”, disse o professor Peter Ditlevsen, da Universidade de Copenhague em um comunicado.
Estudo contradiz relatório do IPCC
Os cálculos contradizem o último Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Isso porque o relatório considera muito improvável uma mudança abrupta na circulação termohalina neste século.
A previsão se baseia em observações de sinais de alerta precoces das correntes oceânicas conforme se tornam instáveis. Os primeiros sinais para a circulação termohalina foram relatados anteriormente. No entanto, só agora o desenvolvimento de métodos estatísticos avançados é capaz de prever exatamente quando um colapso vai ocorrer.
Os resultados foram publicados na revista Nature Communications. Veja como o clima mais quente está deixando os oceanos mais verdes no Giz Brasil.