Estudo mostra que pacientes com Covid-19 têm cinco vezes mais chances de morrer que pacientes com gripe
Um novo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência de saúde dos EUA, destaca a grande diferença entre o Covid-19 e a gripe sazonal. Para pacientes hospitalizados, descobriu o relatório, o risco de complicações sérias como pneumonia e choque foi significativamente maior com Covid-19 do que com gripe. Pessoas hospitalizadas com Covid-19 tinham cinco vezes mais probabilidade de morrer do que pacientes com gripe hospitalizados.
A análise, publicada na terça-feira (20) como uma divulgação antecipada no Relatório Semanal de Morbidez e Mortalidade do CDC, analisou os registros médicos de pacientes hospitalizados que receberam atendimento coberto pela Administração de Saúde de Veteranos, o maior sistema de saúde integrado dos EUA. Eles analisaram os resultados de cerca de 5.500 pessoas diagnosticadas com gripe entre outubro de 2018 e fevereiro de 2020 e os comparou a quase 4.000 pessoas com diagnóstico de covid-19 entre março e maio de 2020.
Em comparação com os pacientes com gripe, aqueles com Covid-19 apresentavam risco aumentado de 17 complicações respiratórias e não respiratórias, descobriram os pesquisadores. Em particular, os pacientes com Covid-19 eram 19 vezes mais propensos a desenvolver a síndrome do desconforto respiratório agudo, uma condição com risco de vida que enche os pulmões de fluido. Inflamação do coração, pneumonia, insuficiência hepática, choque, infecções da corrente sanguínea e sangramento dentro do cérebro estavam entre as outras complicações mais prováveis para Covid-19. Mesmo a internação hospitalar típica foi mais longa para os pacientes com Covid-19, levando quase três vezes mais tempo em média (8,6 dias contra 3 dias).
Dos pacientes com Covid-19 que participaram do estudo, 21% morreram, em comparação com 3,8% dos pacientes com gripe – uma lacuna de mais de cinco vezes entre os dois. A taxa de mortalidade de Covid-19 foi semelhante entre os diferentes grupos raciais e étnicos, mas certas complicações eram mais comuns entre pacientes negros e hispânicos, como problemas renais e sepse. Essas disparidades fornecem “mais evidências de que grupos minoritários raciais e étnicos são desproporcionalmente afetados pelo Covid-19”, escreveram os autores.
As descobertas não são chocantes, dadas as mortes causadas pela pandemia até agora, sendo mais de 1,2 milhão no mundo, sendo que só nos EUA são 220 mil relatadas oficialmente. Esse número ainda crescente e provavelmente subestimado ultrapassa a média de 30.000 a 60.000 mortes estimadas em uma temporada de gripe típica, e superou o número de mortes nos Estados Unidos nas três pandemias anteriores vistas nos últimos 100 anos, todas causadas por um vírus da gripe. (É preciso olhar para trás, para a pandemia de gripe de 1918, que matou cerca de 675.000 americanos, para encontrar uma que seja mais mortal). Mas, em face da persistente desinformação, vinda até da Casa Branca, de que o Covid-19 não passa de uma gripe forte, este estudo é um lembrete preocupante de quão falso isso é.
Tem havido alguns avanços positivos desde maio, quando a análise neste estudo terminou. Hospitais e médicos tornaram-se melhores no gerenciamento do atendimento aos pacientes e passaram a evitar intervenções intensivas como ventilação invasiva, por exemplo, enquanto os esteróides se tornaram o tratamento padrão para salvar vidas nos casos mais graves de Covid-19. Essas melhorias são modestas, mas provavelmente estão reduzindo as chances de qualquer pessoa no hospital desenvolver complicações sérias ou morrer de Covid-19 agora em comparação com o início.
Por mais encorajador que isso seja, os EUA estão atualmente no meio de seu terceiro pico da pandemia, com novos casos diários e hospitalizações mais uma vez aumentando. Enquanto o vírus se espalhar sem impedimentos, muitas pessoas ficarão doentes o suficiente para precisar de um hospital. E, infelizmente, muitos continuarão a sofrer complicações graves e morrer.