Estudo descobre: listras das zebras servem para enganar as moscas
As listras das zebras podem ser um sinal evolutivo contra as moscas que se alimentam de sangue – popularmente conhecidas como mutucas. Um estudo da Universidade de Bristol, na Inglaterra, deu mais um passo para a confirmação de que esses insetos só se atraem por animais com uma única cor.
A pesquisa, publicada em janeiro na revista Journal of Experimental Biology, colocou diferentes tecidos estampados sobre cavalos e filmou as moscas que chegavam até eles (veja foto abaixo). Ao final, a equipe identificou que os insetos pousaram muito menos nos animais vestidos com padrões listrados.
Os tecidos totalmente cinzas receberam o maior número de moscas. A segunda maior preferência ficou com os tecidos com grandes manchas escuras e, por último, com pequenos padrões sem ordem específica.
Ao vestir os animais com capas listradas e contrastantes, quase nenhum inseto chegou perto. “Isso sugere que qualquer animal com cascos que reduza seu contorno escuro geral se beneficiará com menos ataques de ectoparasitas”, disse o pesquisador e líder do projeto, Tim Caro, em comunicado.
Diversos estudos realizados nos últimos anos sugerem que as moscas mutucas passam longe de animais ou humanos com roupas listradas. Mas o motivo nunca foi esclarecido.
“Sabíamos que as mutucas são avessas a pousar em objetos listrados”, disse Caro. “Vários estudos já mostraram isso, mas não está claro quais aspectos das listras eles consideram aversivos”.
Descobrindo as zebras
A pesquisa também parece aproximar os cientistas do motivo para as zebras terem listras ter relação com a proteção contra insetos.
Nos últimos anos, equipes se questionaram se as cores seriam uma adaptação para confundir ou impedir ataques de predadores. Outras hipóteses era de que as listras servem como um mecanismo para regular a temperatura do corpo desses animais.
Mas estudos observacionais de zebras mostram que predadores só veem as listras em distâncias próximas, o que derruba a ideia de camuflagem. Além disso, experimentos com objetos listrados não demonstraram ter efeito de resfriamento.
Agora, a hipótese mais forte é de que o pelo das zebras serve, na verdade, para escapar de insetos mordedores. A única dúvida que permanece é porque isso só aconteceu com as zebras e não com outros animais, como cavalos e bovinos.
“Sabemos que a pelagem da zebra é curta, permitindo que mutucas alcancem a pele e os capilares sanguíneos rápido, o que pode torná-las particularmente suscetíveis ao incômodo das moscas”, explicou Caro. “Isso precisa ser investigado”.