Ciência

Estudo mostra que o amor realmente deixa uma marca no cérebro

Experimentos com roedores monogâmicos mostraram que encontro com parceiros causam uma liberação grande de dopamina
Imagem: Oziel Gómez/ Unsplash/ Reprodução

Apesar de parecerem abstratas, as emoções têm uma relação estreita com aspectos químicos, físicos e biológicos do organismo humano. Agora, um novo estudo publicado na revista Current Biology buscou as marcas no corpo de um dos sentimentos mais conhecidos: o amor.

De acordo com a pesquisa, o neurotransmissor dopamina desempenha um papel importante em manter esse afeto vivo. “O que descobrimos, essencialmente, é uma assinatura biológica do desejo que nos ajuda a explicar por que queremos estar com algumas pessoas mais do que com outras”, disse a autora do estudo, Zoe Donaldson.

Entenda a pesquisa

Para o experimento, os pesquisadores utilizaram arganazes, que são mamíferos roedores que formam laços monogâmicos. Assim como os humanos, eles tendem a se unir a longo prazo, compartilhar uma casa, criar filhotes juntos e experimentar algo semelhante ao luto quando perdem seu parceiro.

Então, os cientistas mediram em tempo real o que acontecia no cérebro desses animais quando ele encontrava seu companheiro. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, os arganazes tinham que pressionar uma alavanca para abrir uma porta em que seu parceiro estava.

Já no segundo, o obstáculo era uma cerca. Dessa forma, eles tinham de subir a estrutura para reencontrar seu amor.

Quando os animais pressionavam a alavanca ou escalavam a cerca para ver seu parceiro, imagens cerebrais indicavam uma grande liberação de dopamina no NAc (núcleo accumbens). Esta é a região responsável pela motivação em buscar recompensas, desde água e comida até drogas.

O mesmo acontecia enquanto os arganazes se cheiravam. Em contraste, quando o animal por trás do obstáculo não era seu parceiro, os roedores apresentavam uma liberação de dopamina muito menor.

“Esta pesquisa sugere que certas pessoas deixam uma impressão química única em nosso cérebro que nos impulsiona a manter esses laços ao longo do tempo”, explica Donaldson.

A separação

Para entender se era possível desfazer essa conexão emocional, os cientistas realizaram mais uma etapa do estudo. Nela, mantiveram os arganazes separados de seus parceiros por quatro semanas. 

Depois desse período – que para eles é bastante longo -, o casal foi reunido. Embora se lembrassem um do outro, a onda de dopamina que indicava a presença de amor não tinha mais a mesma força.

“Pensamos nisso como uma espécie de reinicialização dentro do cérebro, que permite ao animal seguir em frente e potencialmente formar um novo vínculo”, disse Donaldson.

De acordo com os pesquisadores, mais estudos são necessários para compreender se o mesmo acontece com os humanos. 

“A esperança é que, ao entendermos como são os laços saudáveis dentro do cérebro, possamos começar a identificar novas terapias para ajudar as muitas pessoas com doenças mentais que afetam seu mundo social”, conclui a pesquisadora.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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